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RECEITA CONCENTRADA
Governadores do PSDB e o
peemedebista Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, voltaram a criticar duramente a concentração de recursos em mãos da
União. Em que pese a influência do
clima eleitoral, a favorecer exageros,
as queixas têm fundamento. Repasses não estão sendo realizados e os
ganhos de receita do governo federal
nem sempre são compartilhados
com Estados e municípios.
A situação não é exatamente nova.
Entre 1991 e 2003, a carga tributária
subiu de maneira quase ininterrupta,
saltando de 24,4% para 35,7% do
PIB. Neste ano, estima-se que haverá
novo acréscimo, da ordem de dois
pontos percentuais. Em grande parte
essa alarmante escalada deve-se à necessidade de o governo federal fazer
frente à pressão dos encargos da dívida pública, num cenário de baixo
crescimento econômico.
O problema é que parte considerável das elevações de tributos não advém de impostos, mas das chamadas contribuições, como as que incidem sobre o lucro líquido e a movimentação financeira. Legalmente, a
União não é obrigada a dividir esses
recursos com unidades federativas.
Nesse quadro, é natural a insatisfação de Estados e municípios -também eles submetidos a rígido ajuste
fiscal- ao constatar os recentes aumentos da arrecadação federal, em
boa medida decorrentes de mudanças no recolhimento da Cofins (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social). Também a decisão do Supremo Tribunal Federal
que elevou o teto para a cobrança de
contribuição de servidores inativos
reduziu as expectativas de ganhos
dos governos estaduais e ajudou a
alimentar o descontentamento. As
dificuldades têm encorajado a pregação para "flexibilizar" o pagamento
de dívidas e rever a vinculação de verbas à educação e à saúde.
É de esperar, no entanto, que a
questão, de fato preocupante, seja
encaminhada dentro dos marcos da
responsabilidade fiscal, sem causar
prejuízos aos investimentos sociais.
Para tanto, o país precisaria crescer
de maneira mais vigorosa e contínua
e avançar na direção de uma verdadeira reforma tributária.
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