São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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VALDO CRUZ

Tio dos pobres

BRASÍLIA - Sem um nome natural para lançar à Presidência em 2010, os petistas vão jogando novos ingredientes em seu caldeirão na busca do candidato ideal. O mais recente tempero, um pouco sem sal para o gosto de alguns, é o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.
Seu nome começou a circular nas rodinhas petistas como uma das alternativas. Hoje, ele está longe de ser um consenso dentro do partido. Muitos destacam sua falta de carisma para uma campanha presidencial. Seria discreto demais.
Tem, porém, seu defensores. Não só em Minas. Seu grande trunfo é tocar o principal programa social do governo Lula, o Bolsa Família. O mesmo que conferiu ao presidente o papel de pai dos pobres e pavimentou seu caminho para ganhar mais quatro anos no Planalto.
Patrus teria ainda a vantagem de ser de Minas. Segundo principal colégio eleitoral do país, o Estado é dominado pelo tucano Aécio Neves, recebido por Lula no Planalto na semana passada.
Na ocasião, ao falarem de 2010, ele disse não ter pressa em chegar à Presidência. Não significa que desistiu da candidatura. Muito pelo contrário. Tanto que estava ali dentro de sua estratégia de se reaproximar do presidente e garantir futuros apoios.
Aécio chegou a falar na possibilidade de PSDB e PT lançarem, no próximo ano, um nome de consenso para disputar a Prefeitura de Belo Horizonte. Mais um gesto político de boa vizinhança, por ser algo praticamente inviável.
Na conversa, Lula não disse a Aécio, mas avalia que dificilmente ele baterá José Serra na disputa pela condição de candidato tucano a presidente. Acredita ainda que o governador perdeu o bonde para se transferir a outro partido de olho na Presidência.
Sem o peso de ser candidato, Lula dá corda às especulações. Enquanto não encontra seu nome ideal, faz seus testes. Daí surgirem nomes como o de Patrus, aquele que poderia ser chamado de seu tio dos pobres.

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