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RUY CASTRO
"Ronda" às três da manhã
RIO DE JANEIRO - O Ministério
da Saúde descobriu que 27% dos
brasileiros do sexo masculino tomam mais de cinco doses de bebida
alcoólica por dia. A média "normal"
em outros países fica entre 10% e
15%. Por que essa diferença? Porque, massacrado pela propaganda
na televisão, o brasileiro é estimulado a beber o dia inteiro.
Bebendo, você nunca está sozinho. Há sempre uma gostosa de
olho no seu copo. O problema é que
você tem de disputá-la com os outros 30 marmanjos bebendo na sua
mesa. Todos, por sinal, vendendo
saúde, disposição e, contrariando
uma das "normas" do Conar, juventude -nenhum deles aparenta nem
perto de 25 anos.
O máximo do escárnio aconteceu
há pouco, quando um dos patrocinadores oficiais do Pan-Americano
foi uma nova cerveja, de nome e
apelo decididamente infanto-juvenis. Seria interessante saber se os
atletas que eram vistos competindo
atingiriam aquelas marcas se tomassem a gororoba com a assiduidade com que ela era apregoada no
vídeo -várias vezes por hora.
Outra pesquisa recente revelou
que os jovens brasileiros estão bebendo cada vez mais cedo -neste
momento, aos 13 anos. Nada de surpreendente nisso, já que a publicidade de cerveja (que representa
61% do consumo de bebidas alcoólicas no país) é toda feita para eles.
Nenhum comercial perde tempo
mostrando uma roda de homens
maduros e mulheres de olheiras se
encharcando e engrolando "Ronda"
num botequim às três da manhã,
como acontece na vida real.
A juventude e a TV brasileiras ficarão mais saudáveis se o governo
banir do vídeo, pelo menos das 8h
às 20h, a mentira de que cervejas,
vinhos, "ices" e "coolers", por conterem "pouco álcool", são inofensivos. A diminuição nos índices de
acidentes de trânsito e de violência
sexual e doméstica dirá melhor.
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