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Editoriais
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O flanco externo
OS INDÍCIOS de que a economia recupera aos poucos a
trajetória de crescimento
recolocam em questão a deterioração das contas externas do
país. O mês de julho registrou
queda de 37% do superavit comercial em relação a junho, resultado do crescimento de 14%
das importações e da manutenção do volume de exportações.
Daqui para a frente, a confirmar-se a expectativa de melhora
econômica, as exportações brasileiras terão dificuldade cada vez
maior para financiar, por si mesmas, o aumento das compras de
produtos importados, o qual
sempre acompanha o aquecimento da economia.
Nossas vendas externas apresentam um peso excessivo de
produtos caracterizados por baixo valor relativo e grande oscilação de preços. Nos últimos anos,
os produtos que consomem muita mão de obra e têm baixo conteúdo tecnológico corresponderam a uma fatia entre 50% e 60%
da pauta de exportação do país.
Esse quadro reflete deficiências da estrutura produtiva do
Brasil, como a ainda reduzida capacidade de inovação tecnológica das empresas. Falhas na infraestrutura e na logística da
economia também prejudicam a
competitividade externa dos
produtos aqui fabricados.
É verdade que, desde o início
de 2009, foram justamente as
exportações de commodities que
permitiram manter resultados
positivos na balança comercial.
Os preços dessas mercadorias
básicas se recuperaram mais depressa do baque da crise, e a
quantidade exportada pelo Brasil, especialmente para a China,
também voltou a crescer.
Tal desempenho, porém, não
deveria obscurecer o fato de que
o perfil das exportações brasileiras tende a se revelar um obstáculo para a manutenção de uma
trajetória de crescimento forte
da economia em médio prazo.
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