São Paulo, quinta-feira, 27 de agosto de 2009

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Editoriais

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O flanco externo

OS INDÍCIOS de que a economia recupera aos poucos a trajetória de crescimento recolocam em questão a deterioração das contas externas do país. O mês de julho registrou queda de 37% do superavit comercial em relação a junho, resultado do crescimento de 14% das importações e da manutenção do volume de exportações.
Daqui para a frente, a confirmar-se a expectativa de melhora econômica, as exportações brasileiras terão dificuldade cada vez maior para financiar, por si mesmas, o aumento das compras de produtos importados, o qual sempre acompanha o aquecimento da economia.
Nossas vendas externas apresentam um peso excessivo de produtos caracterizados por baixo valor relativo e grande oscilação de preços. Nos últimos anos, os produtos que consomem muita mão de obra e têm baixo conteúdo tecnológico corresponderam a uma fatia entre 50% e 60% da pauta de exportação do país.
Esse quadro reflete deficiências da estrutura produtiva do Brasil, como a ainda reduzida capacidade de inovação tecnológica das empresas. Falhas na infraestrutura e na logística da economia também prejudicam a competitividade externa dos produtos aqui fabricados.
É verdade que, desde o início de 2009, foram justamente as exportações de commodities que permitiram manter resultados positivos na balança comercial. Os preços dessas mercadorias básicas se recuperaram mais depressa do baque da crise, e a quantidade exportada pelo Brasil, especialmente para a China, também voltou a crescer.
Tal desempenho, porém, não deveria obscurecer o fato de que o perfil das exportações brasileiras tende a se revelar um obstáculo para a manutenção de uma trajetória de crescimento forte da economia em médio prazo.


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