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INCERTEZA NOS EUA
Embora a economia mundial
venha atravessando um período
marcado pela aceleração do crescimento e, ainda mais, do comércio
internacional, continuam em cena
alguns desequilíbrios preocupantes.
Entre eles se destaca o déficit das
contas externas dos EUA. No segundo trimestre deste ano, o saldo negativo em transações correntes da economia americana chegou a um patamar inédito -US$ 166,2 bilhões, o
equivalente a 5,7% do PIB.
A moeda americana já perdeu mais
de 40% de seu valor ante o euro desde
2002, mas esse movimento foi insuficiente para estancar a tendência de
aumento do déficit externo. Por um
lado, isso ocorre porque (com a intenção de preservar as exportações
para os EUA) os bancos centrais de
países asiáticos realizam fortes compras de dólares, impedindo uma valorização de suas moedas. Por outro
lado, grandes empresas americanas
deslocaram parte de suas estruturas
produtivas para a Ásia e exportam
para os EUA, o que dificulta a redução do déficit comercial.
É uma situação delicada, mais ainda pelo fato de o déficit nas contas
públicas dos EUA estar se agravando, o que pode constituir um motivo
adicional de pressão sobre o dólar.
Parece provável que o próximo governo dos EUA tenha de sinalizar para os mercados que os desequilíbrios
externo e fiscal não continuarão a se
aprofundar. Uma desaceleração moderada da demanda interna, no início de 2005, parece já "encomendada", com a diluição dos impactos da
renúncia fiscal do governo Bush.
O Fed, banco central americano,
elevou a taxa de juros básica em 0,25
ponto percentual, ou seja, para
1,75% ao ano, na semana passada.
No entanto a taxa de juros dos títulos
de dez anos do Tesouro americano
caíram para 3,95%. A curto prazo,
esse cenário de elevação gradual dos
juros e expansão da atividade econômica nos EUA favorece os países
emergentes, como o Brasil, pois deverá persistir a liquidez internacional. A médio prazo, no entanto, os
desequilíbrios dos EUA continuarão
a representar uma ameaça global.
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