São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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VERGONHA ELEITORAL

Milhões de norte-americanos, incluindo um grande número de eleitores negros, serão impedidos de votar nas eleições de 2 de novembro próximo por conta de "barreiras legais, erros administrativos e truques sujos", de acordo com especialistas em questões legais e defensores dos direitos humanos.
A maior categoria atingida é a dos ex-presidiários, já que 5 milhões deles serão impedidos de votar, em 14 dos 50 Estados americanos, em razão de leis que datam do fim do século 19 e tinham como objetivo justamente evitar que negros votassem.
Como ocorreu na eleição presidencial de 2000, milhões de pessoas não poderão ir às urnas por causa de falhas administrativas relacionadas à confecção das listas de eleitores, problema que grupos de defesa dos direitos civis ainda buscam solucionar.
Ademais, ativistas de direitos humanos catalogaram inúmeras "táticas sujas" utilizadas para diminuir a participação da comunidade negra na votação. Ora, pesquisas mostram que a esmagadora maioria dos negros vota no Partido Democrata.
Na Flórida, palco da controvérsia eleitoral que conduziu o republicano George W. Bush à Presidência, 7% do eleitorado será impedido de votar. Entretanto 16% dos votantes negros não terão o direito de expressar sua vontade nas urnas. E esse Estado poderá, mais uma vez, decidir a contenda presidencial americana.
Nos Estados em que a disputa está indefinida, segundo a Comissão de Direitos Humanos, 13% dos negros do sexo masculino serão proibidos de participar do processo eleitoral porque já foram condenados -embora já tenham cumprido sua pena.
Após a Guerra da Secessão (1861-65), os negros ganharam o direito de votar graças à 15ª Emenda à Constituição (1870). Assim, é imprescindível que a Justiça do país que se julga "o maior defensor da democracia" do planeta corrija essas falhas gritantes de seu sistema eleitoral. Afinal, o sufrágio universal é a maior expressão das liberdades democráticas.


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