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ANTONIO DELFIM NETTO
Síntese
GOSTEMOS ou não, é impossível deixar de reconhecer
que a economia brasileira
sofreu uma profunda revolução
desde o início dos anos 90.
Primeiro, com a abertura um
pouco descuidada da economia,
que deu ênfase à necessidade de
aumento da produtividade do setor
privado. Infelizmente, ela não foi
acompanhada por medidas eficientes para o necessário e correspondente enxugamento do setor
público, protegido pela Constituição de 1988.
Depois, já nos meados da década,
com o extraordinário êxito do plano Real para a estabilização do valor da moeda. Seu sucesso foi tão
grande que anestesiou a sociedade:
outra vez, o ajuste do setor privado
não foi acompanhado pelo enxugamento das despesas públicas. Basta
lembrar que, entre 1995 e 2002, a
carga tributária bruta foi elevada
de 26% para 37% do PIB e a dívida
líqüida do setor público foi aumentada de 30% para 57% do PIB.
Essa constatação física e singela
é o melhor diagnóstico para explicar o baixo crescimento que nos
acompanhou nos últimos 12 anos:
transferimos recursos do setor privado (mais eficiente) para o setor
público, que se tornou ainda menos produtivo, acomodado que foi:
1º) pelo tumulto administrativo
entre 1990/92 e pela tragédia de se
ter retirado do INSS boa parte dos
servidores públicos;
2º) pela ausência completa de
qualquer esforço de redução dos
gastos públicos correntes entre
1995 e 2006. Todo o ajuste fiscal foi
feito com crescimento da carga tributária, com aumento do endividamento e com redução do investimento público.
O desenvolvimento econômico é
apenas outro nome para designar o
aumento da produtividade da mão-de-obra. Se transferimos recursos
do setor mais produtivo (o privado) para o setor menos produtivo
(o governo), a média ponderada do
aumento da produtividade (o desenvolvimento) diminui. A melhor
explicação para sermos o "lanterninha" do desenvolvimento mundial é, pois, a grande assimetria entre o ajuste forçado do setor privado e a permanente acomodação do
setor público.
Quem desejar alegrar-se com um
exemplo do grande avanço da produtividade do setor privado não
deve perder a leitura do "Enfoque
Abiquim" de agosto de 2006, que
relata os efeitos espetaculares do
programa de atuação responsável
no setor químico desde 2001.
Quem desejar sofrer um exemplo da ineficiência dos gastos públicos deve ir para uma fila do SUS
ou verificar o que seu filho aprendeu no curso fundamental das escolas públicas!
dep.delfimnetto@camara.gov.br
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras
nesta coluna.
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