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Irresponsabilidade no ar
FORAM CINCO meses de investigação na Câmara dos Deputados sobre a crise aérea
que parou os aeroportos do país.
O resultado, porém, ficou aquém
da expectativa. Aguardava-se
uma responsabilização pelos fatos graves investigados, entre
eles os dois maiores desastres aeronáuticos do país. Mas o relatório do deputado Marco Maia
(PT-RS) frustra os que esperavam que autoridades responsáveis pela crise fossem identificadas e indiciadas.
Parte dessa expectativa foi suscitada pelo próprio relator. Oito
dias atrás, ele via elementos para
indiciar a ex-diretora Denise
Abreu, mas o nome desapareceu
da peça final no trecho em que
aborda o episódio da "norma falsa" apresentada à Justiça para liberar o aeroporto de Congonhas.
O relatório se limita a sugerir que
o Ministério Público Federal
realize investigação para apurar
a responsabilidade individual e
coletiva dos dirigentes.
A norma podia ser falsa, mas
não era uma norma qualquer: estivesse em vigor, o Airbus da
TAM com o reverso travado não
teria permissão para pousar em
Congonhas. Que tenha sido publicada na internet e fornecida à
Justiça constitui descalabro que
não deveria passar em branco. "A
excessiva informalidade [na
Anac], (...) demonstrada pela inexistência de procedimentos e rotinas claramente estabelecidos
dificulta, sem dúvida, a apuração
de responsabilidades", justifica
debilmente o relatório.
Bastou uma semana, ao que se
percebe, para o relator mudar de
opinião, como aliás defendiam
setores do PT e do governo. O documento também acata orientações do Ministério da Defesa para retirar da Anac o poder de conceder linhas aéreas e reservá-lo ao ministro da pasta. Se aprovado o relatório, algo enfim talvez comece a mudar na Anac.
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