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CLÓVIS ROSSI
O novo mundo e nós
PITTSBURGH - Sou obrigado a
voltar ao tema do descaso do Brasil
para com assuntos internacionais.
Brasil, nesse caso, somos todos, políticos, empresários, sindicalistas,
acadêmicos, jornalistas, com as exceções de praxe.
Aliás, o governo é que não entra
na lista porque até que faz a sua parte, graças a uma diplomacia qualificada e ao fato de os dois presidentes
mais recentes se interessarem bastante pelo assunto.
Falta uma estrutura de informação à altura do novo papel que o
país vai assumindo, especialmente
agora que o G20, de que o Brasil é
sócio-fundador, passa a ser a primeira classe no voo da economia
mundial para o século 21 (a grandiloquência não é minha, é do comunicado final de Pittsburgh).
Vira covardia qualquer comparação entre o volume de informações
sobre as posições do governo norte-americano (a respeito, aliás, de
qualquer assunto) e o que o Itamaraty pode oferecer.
Haveria ao menos duas maneiras
de suprir a carência oficial: que uma
universidade brasileira imitasse a
Universidade de Toronto, cujo
Centro para Estudos Internacionais logo transformou o seu grupo
específico para estudar o G8 em um
braço mais amplo de modo a abraçar também o G20.
Será que não dá para fazer algo
parecido no Brasil?
Segundo ponto, o Congresso. Os
Estados Unidos têm um excepcional Congressional Research Service, que produz dossiês da melhor
qualidade e sem viés partidário sobre todos os temas da agenda norte-americana -e, por extensão, da
agenda global, posto que os EUA
têm interesses no mundo todo.
Com a tonelada de funcionários
que tem o Congresso brasileiro, será que suas excelências não poderiam alocar um punhado ao serviço
da pátria em vez de usá-los para o
serviço político-pessoal?
OK, sou ingênuo, mas é sempre
melhor do que ser conformista.
crossi@uol.com.br
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