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RETOMADA DÉBIL
O desempenho da economia
brasileira no terceiro trimestre
deste ano foi bem pior do que estimava a grande maioria dos analistas.
De acordo com os dados divulgados
ontem pelo IBGE, o PIB cresceu apenas 0,4% em relação ao segundo trimestre. As projeções mais conservadoras apontavam para alta da ordem
de 1%, e as mais otimistas mencionavam expansão até de 3%.
É certo que, em parte, o número decepcionante foi resultado de alterações metodológicas e revisões de estimativas anteriores promovidas pelo IBGE. Essa constatação ameniza,
mas não elimina a decepção provocada pelo resultado.
É lamentável verificar, por exemplo, que o consumo das famílias brasileiras se contraiu pelo quinto trimestre consecutivo. Mesmo a expansão de 2,8% do investimento no período julho-setembro em relação aos
três meses anteriores, embora bem-vinda, não chega a entusiasmar, já
que o volume de investimentos realizados na economia brasileira no terceiro trimestre foi o segundo mais
baixo dos últimos oito anos.
Estima-se que desde 1999 o poder
de compra dos trabalhadores já sofreu uma redução da ordem de 20%,
e que perto de metade dessa queda
ocorreu nos últimos 12 meses. O
mercado interno, portanto, sofreu
contração bastante expressiva.
Esses certamente são fatores que
ajudam a explicar o desempenho
surpreendentemente positivo que o
comércio exterior brasileiro vem exibindo. As exportações se encontram
estimuladas pela forte redução dos
custos salariais (sobretudo medidos
em dólares), e a queda da demanda
interna tanto inibe importações como estimula o direcionamento da
produção ao mercado externo.
No entanto, o aumento das exportações, mesmo ao ritmo que vem
sendo observado ao longo deste ano,
revela-se insuficiente para redinamizar uma economia do porte da brasileira. Para que ela volte a crescer de
maneira mais expressiva, uma recuperação do mercado interno -ou
seja, do consumo e do investimento- é imprescindível.
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