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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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RETOMADA DÉBIL

O desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano foi bem pior do que estimava a grande maioria dos analistas. De acordo com os dados divulgados ontem pelo IBGE, o PIB cresceu apenas 0,4% em relação ao segundo trimestre. As projeções mais conservadoras apontavam para alta da ordem de 1%, e as mais otimistas mencionavam expansão até de 3%.
É certo que, em parte, o número decepcionante foi resultado de alterações metodológicas e revisões de estimativas anteriores promovidas pelo IBGE. Essa constatação ameniza, mas não elimina a decepção provocada pelo resultado.
É lamentável verificar, por exemplo, que o consumo das famílias brasileiras se contraiu pelo quinto trimestre consecutivo. Mesmo a expansão de 2,8% do investimento no período julho-setembro em relação aos três meses anteriores, embora bem-vinda, não chega a entusiasmar, já que o volume de investimentos realizados na economia brasileira no terceiro trimestre foi o segundo mais baixo dos últimos oito anos.
Estima-se que desde 1999 o poder de compra dos trabalhadores já sofreu uma redução da ordem de 20%, e que perto de metade dessa queda ocorreu nos últimos 12 meses. O mercado interno, portanto, sofreu contração bastante expressiva.
Esses certamente são fatores que ajudam a explicar o desempenho surpreendentemente positivo que o comércio exterior brasileiro vem exibindo. As exportações se encontram estimuladas pela forte redução dos custos salariais (sobretudo medidos em dólares), e a queda da demanda interna tanto inibe importações como estimula o direcionamento da produção ao mercado externo.
No entanto, o aumento das exportações, mesmo ao ritmo que vem sendo observado ao longo deste ano, revela-se insuficiente para redinamizar uma economia do porte da brasileira. Para que ela volte a crescer de maneira mais expressiva, uma recuperação do mercado interno -ou seja, do consumo e do investimento- é imprescindível.


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