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SEIS POR MEIA DÚZIA
Há ministérios demais, há
ineficiência em diversos deles
e há desarticulação e sobreposições
na área social. Esse é o diagnóstico
que observadores de bom senso têm
feito do quadro ministerial.
A avaliação, pela relevância do tema, deveria estar no alto das preocupações do Planalto por ocasião da reforma ministerial que se avizinha
-embora seu principal indutor seja
a necessidade de contemplar o
PMDB, partido da base governista
que permanece ausente do primeiro
escalão. Depois de conturbadas negociações com a legenda, constatada
a sua importância para as pretensões
do Executivo no Congresso Nacional, a mudança no ministério pragmaticamente ocorrerá.
Resumi-la, porém, a um rearranjo
acomodatício, com vistas apenas a
atender aos pleitos do aliado, pode
ser uma decepcionante perda de
oportunidade. Embora o passado
não recomende expectativas sobre
amplas reformas ministeriais, o governo tem a chance de fazer da inevitabilidade de um acerto de contas
com o PMDB algo mais ambicioso,
que promova a melhoria e o enxugamento da estrutura de ministérios.
Certamente há dificuldades para
tanto, que vão desde o "companheirismo" histórico entre alguns ministros e o presidente à própria pressão
política dos diversos interessados.
Auxiliares ligados ao Planalto,
além do próprio presidente, têm insistido em que o assunto é da alçada
apenas do chefe do Executivo, e que
será exposto na hora devida. A julgar,
no entanto, por declarações dadas
anteontem por Lula, as perspectivas
são pouco animadoras. Mesmo pedindo mais agilidade, o presidente
saiu em defesa da proliferação de
pastas em seu governo -são nove
ministros a mais do que no anterior.
Corre-se o risco, portanto, se não
de algo pior, de que tudo não passe
de uma mera troca -para citar uma
expressão popular- de "seis por
meia dúzia".
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