UOL




São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEIS POR MEIA DÚZIA

Há ministérios demais, há ineficiência em diversos deles e há desarticulação e sobreposições na área social. Esse é o diagnóstico que observadores de bom senso têm feito do quadro ministerial.
A avaliação, pela relevância do tema, deveria estar no alto das preocupações do Planalto por ocasião da reforma ministerial que se avizinha -embora seu principal indutor seja a necessidade de contemplar o PMDB, partido da base governista que permanece ausente do primeiro escalão. Depois de conturbadas negociações com a legenda, constatada a sua importância para as pretensões do Executivo no Congresso Nacional, a mudança no ministério pragmaticamente ocorrerá.
Resumi-la, porém, a um rearranjo acomodatício, com vistas apenas a atender aos pleitos do aliado, pode ser uma decepcionante perda de oportunidade. Embora o passado não recomende expectativas sobre amplas reformas ministeriais, o governo tem a chance de fazer da inevitabilidade de um acerto de contas com o PMDB algo mais ambicioso, que promova a melhoria e o enxugamento da estrutura de ministérios.
Certamente há dificuldades para tanto, que vão desde o "companheirismo" histórico entre alguns ministros e o presidente à própria pressão política dos diversos interessados.
Auxiliares ligados ao Planalto, além do próprio presidente, têm insistido em que o assunto é da alçada apenas do chefe do Executivo, e que será exposto na hora devida. A julgar, no entanto, por declarações dadas anteontem por Lula, as perspectivas são pouco animadoras. Mesmo pedindo mais agilidade, o presidente saiu em defesa da proliferação de pastas em seu governo -são nove ministros a mais do que no anterior.
Corre-se o risco, portanto, se não de algo pior, de que tudo não passe de uma mera troca -para citar uma expressão popular- de "seis por meia dúzia".


Texto Anterior: Editoriais: RETOMADA DÉBIL
Próximo Texto: Editoriais: COMBATE À AIDS

Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.