São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

O prazo da fisiologia

BRASÍLIA - A data limite para a fisiologia se esbaldar é 12 de dezembro, quando supostamente o PMDB vai realizar sua convenção nacional.
Até lá, as Roseanas vão se preparar para mudar de partido, ganhar ministério, ter emendas liberadas, fazer as contas de quanto lucrarão nos cargos loteados. Intelectuais como Amir Lando e Pedro Henry vão dar a tônica do que pode vir por aí na distribuição de favores.
Até o dia 12 de dezembro, o governo Lula ficará em estado catatônico extremado, como se fosse possível aumentar ainda mais o nível de abulia na administração petista.
Sem saber exatamente o tamanho do estrago do enfrentamento entre petistas e tucanos dentro do PMDB, Lula fica impedido de fazer suas nomeações na Esplanada.
"Nós temos a maioria na Executiva. Só a Executiva pode desconvocar a convenção. Isso não vai ocorrer", diz o ex-governador fluminense Anthony Garotinho. "O governo quer comprar os deputados com emendas. Mas nós vamos fazer a convenção e entregar os cargos ao governo", afirma o governador paranaense Roberto Requião, um aliado (sic) de Lula.
Requião e Garotinho alinham-se momentaneamente ao grupo tucano entranhado no PMDB -sob o comando da trinca Michel Temer, Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha. É por essa razão que Lula pena para dobrar o mundinho peemedebista só na base da fisiologia trivial fina.
O mais provável é que a disputa caminhe para o campo jurídico. Os peemedebistas pró-PT tentarão melar a convenção com alguma medida obtida na Justiça. Se conseguirem adiar o encontro, já podem cantar vitória.
Nesse caso, a maioria do PMDB ficará com Lula. Cumpre-se a profecia do partido-ônibus e vassalo do poder. A facção tucana entra na muda. A dúvida é o rumo a ser tomado pelos radicais livres Garotinho e Requião. Ambos têm vida própria. Podem causar muito estrago nos dois últimos anos do mandarinato petista.


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