|
Próximo Texto | Índice
Acesso à habitação
Modernização de regras e redução de juros são essenciais para sustentar a entrada da classe C no mercado da casa própria
A EXPANSÃO do crédito,
um dos pilares do crescimento econômico,
não dá mostras de arrefecer. O Banco Central informou ontem que o saldo dos empréstimos no país fechou novembro em R$ 908,8 bilhões, o
equivalente a 34,3% do PIB. Há
dois anos, esse indicador era seis
pontos percentuais menor.
As operações de
leasing para pessoas físicas, muito
acionadas no financiamento de
veículos, são o destaque de 2007: dobraram em 11 meses. Compras a
prazo de automóveis sustentam um
crescimento anual
estimado em 14%
na produção automobilística.
O ritmo forte em
que avança o crédito, contudo, ainda carrega uma
boa dose de recuperação dos
anos de crise. Só agora o Brasil
retoma um volume de dinheiro
emprestado compatível com o
que circulava na economia no
início do real. É verdade que as
condições atuais -em termos de
taxa média de juros e prazos-
são melhores, mas ainda estão
longe do ideal.
Economias de mercado em estágio de desenvolvimento parecido com o do Brasil costumam
operar com indicadores de crédito acima de 50% do PIB. Nas nações desenvolvidas, é comum
que ultrapassem 100% do PIB.
Como a renda e o emprego no
Brasil começam a reagir, também se recuperando de longa crise, e o investimento em novas fábricas, máquinas e processos
produtivos avança em marcha
acelerada, não há por que falar,
agora, em "bolha" de crédito.
Nesse ambiente econômico
menos opressor, o alongamento
no prazo dos empréstimos -já se
toma crédito para pagamento
em 30 anos-, aliado à ainda discreta redução das taxas de juros
ao tomador final, esboça uma
novidade no setor imobiliário.
Está em curso
uma grande expansão na oferta
de residências
novas para a
classe C.
O acesso da
maioria da população a meios
de mercado para
financiar a casa
própria, nem
que seja ao longo de toda uma
vida de trabalho,
é uma marca de países desenvolvidos. O Brasil apenas arrisca
seus primeiros passos nessa seara -o crédito imobiliário aqui
ainda não ultrapassa os 2% do
PIB-, mas tem uma oportunidade de abrir a via para uma caminhada mais longa.
Os juros precisam continuar a
cair, o que depende cada vez menos do Banco Central e mais da
política fiscal, e a agenda de modernização do mercado imobiliário deve ser retomada.
Próximo Texto: Editoriais: Natal trágico nas estradas Índice
|