São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Feliz 2008. Ou 2011?

SÃO PAULO - Roubei parte do título acima de um artigo de Carlos Eduardo Gonçalves, professor do Departamento de Economia da FEA-USP (e aposto que você não percebeu o 2008, em vez de 2009).
No fundo, o texto de Gonçalves tem o mesmo sentido do belo trabalho de Valdo Cruz, publicado quinta-feira por esta Folha, no qual ele diz que Natal tão bom como o deste ano, só no próximo governo, seja qual for o governo.
O professor da USP lembra, primeiro, todos os luminosos dados da economia brasileira até setembro, para acrescentar: "De outubro para frente, temos um outro Brasil. Produção industrial em queda, vendas de automóveis caindo mais de 20%, anúncios de férias coletivas e promessas de demissões, cortes de projetos de investimento, "spreads" bancários em forte alta, saída maciça de recursos, Bolsas em queda livre etc. Tudo de ruim, em poucas palavras".
Não tenho um mísero argumento para contestar Valdo Cruz ou Carlos Eduardo Gonçalves. Só diria que Valdo foi econômico ao falar apenas em um Natal belíssimo em 2008. O pós-Natal também parece luminoso, ao menos no "meu" shopping, no qual o movimento ontem era parecido com o das vésperas natalinas: uma massa de gente com sacolas e pacotes nas mãos.
Torço para que estivessem apenas trocando presentes de que não gostaram ou não serviram. Se estavam comprando, os fundamentalistas do BC duplicarão os juros na primeira oportunidade.
Não só no meu "shopping": as vendas em todos os 644 similares do Brasil cresceram 3,5% em dezembro, na comparação com 2007.
Os lojistas esperavam crescimento entre 8% e 10%. Mas, caramba, 3,5% após dois meses de uma crise tão forte é fantástico. É óbvio que 2009 será pior que 2008. Mas, pelo menos no meu microhorizonte visual, não é o caso ainda de desejar feliz 2011.

crossi@uol.com.br


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