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CLÓVIS ROSSI
Feliz 2008. Ou 2011?
SÃO PAULO - Roubei parte do título acima de um artigo de Carlos
Eduardo Gonçalves, professor do
Departamento de Economia da
FEA-USP (e aposto que você não
percebeu o 2008, em vez de 2009).
No fundo, o texto de Gonçalves
tem o mesmo sentido do belo trabalho de Valdo Cruz, publicado quinta-feira por esta Folha, no qual ele
diz que Natal tão bom como o deste
ano, só no próximo governo, seja
qual for o governo.
O professor da USP lembra, primeiro, todos os luminosos dados da
economia brasileira até setembro,
para acrescentar: "De outubro para
frente, temos um outro Brasil. Produção industrial em queda, vendas
de automóveis caindo mais de 20%,
anúncios de férias coletivas e promessas de demissões, cortes de
projetos de investimento,
"spreads" bancários em forte alta,
saída maciça de recursos, Bolsas
em queda livre etc. Tudo de ruim,
em poucas palavras".
Não tenho um mísero argumento
para contestar Valdo Cruz ou Carlos Eduardo Gonçalves. Só diria
que Valdo foi econômico ao falar
apenas em um Natal belíssimo em
2008. O pós-Natal também parece
luminoso, ao menos no "meu"
shopping, no qual o movimento ontem era parecido com o das vésperas natalinas: uma massa de gente
com sacolas e pacotes nas mãos.
Torço para que estivessem apenas
trocando presentes de que não gostaram ou não serviram. Se estavam
comprando, os fundamentalistas
do BC duplicarão os juros na primeira oportunidade.
Não só no meu "shopping": as
vendas em todos os 644 similares
do Brasil cresceram 3,5% em dezembro, na comparação com 2007.
Os lojistas esperavam crescimento entre 8% e 10%. Mas, caramba,
3,5% após dois meses de uma crise
tão forte é fantástico. É óbvio que
2009 será pior que 2008. Mas, pelo
menos no meu microhorizonte visual, não é o caso ainda de desejar
feliz 2011.
crossi@uol.com.br
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