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Reforma necessária
Indicada para a pasta do Planejamento no próximo governo, Miriam Belchior afirmou que 2011 será o ano do ajuste fiscal e que a nova equipe irá se esforçar "para fazer mais com menos".
É comum que novas administrações comecem apertando parafusos. Nesse contexto, ajuste fiscal costuma significar uma política de curto prazo para conter investimentos e despesas. É preciso,
no entanto, ir além e promover
uma racionalização do custeio público que tenha efeitos duradouros. Essa é uma das funções de
uma reforma do Estado -desafio
que se apresenta ao novo governo.
A qualidade do gasto público
foi tema praticamente esquecido
na agenda do presidente Lula. Como era de prever, faltou à sua administração a compreensão do Estado como um meio e não como
um fim em si mesmo. Se é fato que
houve reestruturação de carreiras,
em boa parte tratou-se de cristalizar interesses corporativistas.
Uma reforma do Estado precisa
contemplar questões como o aumento da transparência, a cobrança de resultados, a premiação dos
funcionários por mérito e o incentivo ao cumprimento de metas. É
necessário levar à administração
pública mecanismos de gestão
que aumentem a eficiência e a
competitividade. Não há sentido
em fomentar preconceitos contra
parcerias com a iniciativa privada
em áreas nas quais o setor público
não precisa ser o gestor direto.
Tornar o Estado mais eficiente é
também um meio de promover
mais justiça econômica. Poucos
brasileiros pagam imposto de renda, mas todos, incluindo os das
classes C e D, arcam com impostos
indiretos que acabam, em grande
parte, consumidos no custeio governamental. Basta dizer que, segundo levantamento de 2008 do
Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres comprometem 33% de seus
rendimentos com tributos.
Não é aceitável que a sociedade
continue a arcar com o peso de
uma máquina pública demasiadamente custosa, que se move com
exasperante morosidade e oferece
à população serviços muito
aquém do razoável.
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