São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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Cartões públicos

SERVIDORES públicos titulares dos cobiçados cartões de crédito corporativos efetuaram despesas em lojas de instrumentos musicais, clínica veterinária, ótica, choperias, joalheria e até em um free shop.
Trata-se de uma lista exuberante. Não é necessário padecer de paranóia para nutrir legítimas desconfianças, em especial quando se considera que os cartões corporativos se destinam a gastos emergenciais e a diárias de viagens.
Daí não se segue, entretanto, que toda despesa suspeita seja automaticamente uma falcatrua nem que os cartões corporativos tenham se convertido em novo propinoduto a alimentar a corrupção oficial.
É possível, como afirmam alguns dos perquiridos, que a clínica veterinária tenha fornecido creolina usada em limpeza ou que a loja de música tenha vendido fitas de VHS para manter em funcionamento o sistema de segurança. Cabe aos titulares dessas despesas singulares provar suas alegações através das notas fiscais correspondentes.
O que parece inegável é que a utilização de cartões no lugar das chamadas contas tipo B amplia em vez de reduzir a transparência na administração pública. As despesas com cartões podem ser conferidas por qualquer cidadão no site www.portaldatranspa rencia.gov.br. Já as mais obscuras contas tipo B, nas quais a administração deposita um montante de que o funcionário se vai utilizando por meio de cheques, são muito mais difíceis de controlar. O simples fato de os gastos extravagantes terem desencadeado um debate público corrobora essa tese.
Faz sentido, portanto, o projeto da Controladoria Geral da União de ampliar a utilização de cartões, inaugurada em 2001, até eliminar as contas tipo B. É importante, porém, que se aperfeiçoem os métodos de controle, em especial no que diz respeito aos saques em dinheiro, que ainda constituem uma espécie de buraco negro.


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