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Cartões públicos
SERVIDORES públicos titulares dos cobiçados cartões de
crédito corporativos efetuaram despesas em lojas de instrumentos musicais, clínica veterinária, ótica, choperias, joalheria
e até em um free shop.
Trata-se de uma lista exuberante. Não é necessário padecer
de paranóia para nutrir legítimas
desconfianças, em especial
quando se considera que os cartões corporativos se destinam a
gastos emergenciais e a diárias
de viagens.
Daí não se segue, entretanto,
que toda despesa suspeita seja
automaticamente uma falcatrua
nem que os cartões corporativos
tenham se convertido em novo
propinoduto a alimentar a corrupção oficial.
É possível, como afirmam alguns dos perquiridos, que a clínica veterinária tenha fornecido
creolina usada em limpeza ou
que a loja de música tenha vendido fitas de VHS para manter em
funcionamento o sistema de segurança. Cabe aos titulares dessas despesas singulares provar
suas alegações através das notas
fiscais correspondentes.
O que parece inegável é que a
utilização de cartões no lugar das
chamadas contas tipo B amplia
em vez de reduzir a transparência na administração pública. As
despesas com cartões podem ser
conferidas por qualquer cidadão
no site www.portaldatranspa
rencia.gov.br. Já as mais obscuras contas tipo B, nas quais a administração deposita um montante de que o funcionário se vai
utilizando por meio de cheques,
são muito mais difíceis de controlar. O simples fato de os gastos extravagantes terem desencadeado um debate público corrobora essa tese.
Faz sentido, portanto, o projeto da Controladoria Geral da
União de ampliar a utilização de
cartões, inaugurada em 2001, até
eliminar as contas tipo B. É importante, porém, que se aperfeiçoem os métodos de controle,
em especial no que diz respeito
aos saques em dinheiro, que ainda constituem uma espécie de
buraco negro.
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