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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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EXÉRCITO NO RIO

A decisão anunciada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de ceder tropas do Exército para reforçar o patrulhamento das ruas do Rio de Janeiro durante o Carnaval, parece justificável dentro das atuais circunstâncias. A violência nas ruas da capital fluminense está diminuindo pouco a pouco, em virtude da ação da polícia, mas ainda ontem alguns ônibus foram incendiados no Grande Rio.
A intervenção do Exército, solicitada pela governadora Rosinha Matheus, já teve início. Soldados entraram no Complexo Penitenciário de Bangu para colaborar em uma grande operação de revista, na qual foram apreendidos mais de uma centena de celulares, munições e um computador portátil. Os soldados usaram equipamentos caça-minas para localizar armas enterradas pelos presos.
Segundo o ministro da Justiça, trata-se de "uma colaboração emergencial", necessária para restaurar a tranquilidade da população após os ataques empreendidos pelos narcotraficantes. No ano passado, um esquema similar levou 3.000 militares para as ruas da capital fluminense durante o primeiro e o segundo turno das eleições, com êxito.
É importante, porém, que a intervenção não se prolongue. O risco maior é expor as Forças Armadas à mesma infiltração por agentes do crime organizado que conspurcou as polícias. No mais, soldados do Exército não recebem treinamento adequado para lidar nem com criminosos nem com civis. Como era previsível, a última tentativa de colocar as Forças Armadas no policiamento do Rio, em 1994 e 1995, não teve sucesso em combater o tráfico, servindo apenas para proporcionar uma efêmera tranquilidade à população local.
Não é o Exército que deve combater o crime, mas a polícia. Se esta não está capacitada a cumprir sua missão, cabe aos governos federal e estadual disponibilizar os recursos humanos e materiais para tanto. Sobretudo é preciso que não se utilize um eventual sucesso da intervenção militar para adiar a tarefa fundamental, que é reestruturar o aparelho policial.


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