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UM BUSH DIPLOMÁTICO
Um dos princípios que governam a paz mundial consiste
em manter as tensões num patamar
em que subsistam condições de negociações e diálogo. Nesse sentido,
foi modelar o encontro, na última
quinta-feira, na Eslováquia, entre
George W. Bush e Vladimir Putin.
Os Estados Unidos e a Rússia não
mais convivem segundo as regras da
paz armada que prevaleceu durante a
Guerra Fria. No período pós-soviético, as potências ocidentais têm se
preocupado em não permitir que
uma nova ditadura russa, desta vez
não mais comunista, use como instrumento de pressão externa seu poderoso arsenal nuclear.
Putin já demonstrou ser um político de inclinações autoritárias. Impõe
fortes controles à mídia e já assustou
os mercados com a intervenção que
promoveu no conglomerado financeiro e enérgico Yukos. No ano passado, suprimiu as eleições diretas para a escolha de governadores.
Conhecendo muito bem os pormenores desse retrato negativo, Bush
evitou o confronto. A diplomacia
norte-americana tem em seu histórico a idéia de não romper as pontes de
comunicação com Moscou. Washington continuará agora a apoiar a
candidatura russa à OMC (Organização Mundial do Comércio) e a simular a aceitação da tese russa de que as
barbaridades cometidas contra civis
na Tchetchênia se enquadram na estratégia de combate ao terrorismo.
Também em nome do pragmatismo, Bush, ao relatar à imprensa seu
encontro com Putin, dissociou o
acordo existente entre ambos sobre
os perigos da proliferação nuclear do
fato de a Rússia fornecer reatores ao
Irã -cujo programa atômico é visto
com desconfiança pelos EUA.
Com isso tudo, Putin não precisou
manter, na Eslováquia, uma atitude
defensiva. Bush, um personagem
que agora tenta se apresentar como
mais sensível às regras da diplomacia, cumpriu um papel conciliador.
O que, ao menos desta vez, é de bom
augúrio para o convívio da comunidade internacional.
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