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ELIANE CANTANHÊDE
A tapioca azedou
BRASÍLIA - O presidente do
PSDB, Sérgio Guerra, seu antecessor, Tasso Jereissati, e os líderes Arthur Virgílio, tucano, e José Agripino Maia, do DEM, desembarcaram
em peso ontem na CPI das ONGs.
O gesto sugere que a oposição não
dá um tostão furado pela CPI da Tapioca, principalmente depois que
os cartões corporativos de Serra entraram na roda, e prefere investir
nas ONGs, muito vinculadas ao PT
e ao governo federal.
Já que não podiam recuar de todo
na CPI da Tapioca, os tucanos indicaram Marisa Serrano para a presidência, pelo menos para manter algum controle sobre as investigações e aproveitar a exposição da senadora para vincular a (boa) imagem dela à do partido.
Mas o alvo preferencial, ou real, é
a outra CPI. Sérgio Guerra, por
exemplo, acusa as ONGs de serem
cabos eleitorais do PT e de Lula, inclusive propagando a versão de que
um eventual governo Alckmin privatizaria Petrobras e BB, botando
milhões de empregados na rua.
As ONGs devem servir novamente de instrumento da guerra entre
petistas, de um lado, e tucanos e demos, de outro, neste novo ano eleitoral. Com a oposição no ataque,
não é difícil imaginar governo e PT
atrás de umas ONGzinhas financiadas pelos governos de São Paulo e
de Minas. Para tentar zerar o jogo,
como no "mensalão" e na tapioca.
Um dos resultados práticos da
CPI do Orçamento, em 1993, foi
acabar com a subvenção oficial a
entidades privadas, mas logo depois
abriram a porteira daqui e dali. Onde passa boi passa boiada. Soltar dinheiro "governamental" para entidades "não-governamentais" virou
prática corriqueira. Daí a virarem
braços políticos foi um pulo.
Na balança do Congresso, desce a
CPI da Tapioca, sobe a das ONGs.
Urge encontrar um ponto de equilíbrio que preserve as centenas ou
até milhares de entidades que, além
de limpas, prestam importante serviço ao país e à sociedade.
elianec@uol.com.br
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