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Magro, mas eficaz
CLÓVIS ROSSI
Frankfurt - Impressões visuais são
sempre traiçoeiras. Mas, após quase
duas semanas entrando e saindo de
repartições públicas alemãs (estaduais, federais e municipais), é inescapável a sensação de que são menos
pletóricas do que suas congêneres brasileiras.
Não há aquele batalhão de secretárias, contínuos, aspones etc., que parecem uma constante no Brasil. Talvez
por isso sejam bem mais raras as queixas contra o tamanho da burocracia.
O alvo aqui são os impostos e não o
suposto (ou real) desperdício da receita com uma máquina pública inchada
e ineficiente.
Mais objetivamente: o custo de manutenção dos 85 mil empregados das
27 instituições que cuidam do núcleo
central da Seguridade Social alemã
(seguro-saúde, aposentadorias etc.)
não vai além de 1,8% do total de contribuições recolhidas paritariamente
de empregados e patrões.
Pelo menos é o que informa Günter
Albrecht, porta-voz da VDR, a organização central dessas 27 instituições
(uma sigla que nem me animo a reproduzir porque só o ``r'' dela tem exatamente 25 letras).
Quando alguém reclamou dos custos
administrativos, a VDR respondeu
com um levantamento que provava
que o sistema privado de seguro-saúde
gastava com a sua própria burocracia
4,5% das contribuições recebidas (2,5
vezes mais do que o sistema público,
portanto).
O problema nem é tanto o custo, alto
ou baixo, mas o atendimento.
No Brasil, é um drama conhecido
conseguir vaga em um hospital. Na
Alemanha, caí na besteira de perguntar a Peter Rath, do Ministério do
Trabalho, Saúde e Assuntos Sociais da
cidade-Estado de Hamburgo, se também havia filas para o atendimento
médico.
Não entendo nada de alemão, mas o
sorrisinho irônico de Rath enquanto
respondia ao intérprete me fez desconfiar que lhe causaria menos espanto se
eu perguntasse se há vida em Vênus.
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