São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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NOVO FRACASSO

Fracassou ontem por ausência de propostas a segunda tentativa de vender o controle acionário da Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste). Mesmo o grupo paulista Ultra, que contava com o apoio do BNDES, desistiu de participar do leilão por considerar o preço mínimo (R$ 1,905 bilhão) elevado.
A Copene é o maior pólo petroquímico do país. O leilão pretendia vender as participações dos grupos Odebrecht, Mariani e Econômico.
Ao governo interessa -além de conseguir o maior valor possível pelas ações do Econômico, que está em processo de liquidação extrajudicial pelo Banco Central- que o comprador seja de capital nacional, evitando que uma multinacional se torne quase monopolista na América Latina.
A abertura comercial e a privatização do setor no início dos anos 90 fizeram com que grupos nacionais adquirissem boa parte da indústria petroquímica, buscando especializar seus campos de atuação para ganhar escala e competitividade. Hoje, algumas dessas empresas são grandes produtoras mundiais em importantes segmentos, mesmo que em produtos de menor valor agregado.
O problema é que o excessivo fracionamento acionário dos grupos petroquímicos tem criado conflitos de interesses que dificultam a definição e a implementação das estratégias competitivas de cada grupo. Nesse sentido, a venda da Copene é importante para que outros rearranjos acionários também ocorram.
O governo, apesar de se ter mostrado interessado em desatar esse nó, fez com que a responsabilidade sobre a venda da Copene ficasse com o Banco Central, em vez de ficar com algum órgão, como o BNDES, que tivesse tradição na condução de políticas setoriais. O fato é que o modelo escolhido, o leilão, não ajudou a agilizar as negociações entre vendedores e potenciais compradores.
O motivo, ao que parece, foi o de evitar problemas jurídicos com os ex-controladores do Econômico. A preocupação pode ser legítima, mas o resultado foi a perda de mais uma chance de reestruturar o setor.


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