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ALÍVIO DURADOURO?
Esteio das contas externas do
Brasil há anos, os investimentos do exterior direcionados ao setor
produtivo tiveram forte perda de ímpeto neste início de ano. Como até o
dia 25 de março esse fluxo não chegou a US$ 2 bilhões, o Banco Central
(BC) reduziu sua previsão para 2003
para US$ 13 bilhões (contra US$ 16,6
bilhões em 2002).
Se o Brasil ainda estivesse incorrendo em déficits muito altos, superiores a US$ 20 bilhões anuais, em suas
transações correntes com o exterior
-como nos anos anteriores a
2002-, a diminuição do investimento direto externo seria alarmante. Indicaria sério risco de redução da reservas de divisas, que ainda se situam
em nível desconfortavelmente baixo.
Mas o déficit nas trocas de bens e
de serviços com o exterior caiu muito
em 2002 e continua em queda. O BC
estima que o déficit fechará o ano
perto de US$ 4 bilhões -o que significa que a vulnerabilidade das contas
externas continua a diminuir.
Além disso, em fevereiro não houve
uma retração da entrada total de capital externo -muito baixa desde
meados de 2002-, mas sim uma
mudança em sua composição. A perda de ímpeto do investimento direto
foi compensada por uma retomada
do crédito.
Em fevereiro a captação de empréstimos externos de prazo superior a
um ano pelo setor privado correspondeu a 86% das amortizações,
uma melhora brusca em relação à
média de 2002 (43%) e a janeiro de
2003 (apenas 17%).
A retomada da oferta de crédito externo parece prosseguir em março, a
despeito da eclosão da guerra no Iraque. Em parte essa retomada reflete a
dissipação da extrema desconfiança
que pesava sobre a política econômica do Brasil. Mas reflete também a
avaliação de que a guerra será breve,
permitindo rápida normalização do
mercado de petróleo e redução da incerteza internacional.
Se a guerra for mais longa, poderá
perturbar a retomada do crédito externo ao Brasil. Diante desse risco,
seria temerário que as autoridades
diminuíssem seu empenho em aprofundar a melhora do saldo comercial
do país.
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