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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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ALÍVIO DURADOURO?

Esteio das contas externas do Brasil há anos, os investimentos do exterior direcionados ao setor produtivo tiveram forte perda de ímpeto neste início de ano. Como até o dia 25 de março esse fluxo não chegou a US$ 2 bilhões, o Banco Central (BC) reduziu sua previsão para 2003 para US$ 13 bilhões (contra US$ 16,6 bilhões em 2002).
Se o Brasil ainda estivesse incorrendo em déficits muito altos, superiores a US$ 20 bilhões anuais, em suas transações correntes com o exterior -como nos anos anteriores a 2002-, a diminuição do investimento direto externo seria alarmante. Indicaria sério risco de redução da reservas de divisas, que ainda se situam em nível desconfortavelmente baixo.
Mas o déficit nas trocas de bens e de serviços com o exterior caiu muito em 2002 e continua em queda. O BC estima que o déficit fechará o ano perto de US$ 4 bilhões -o que significa que a vulnerabilidade das contas externas continua a diminuir.
Além disso, em fevereiro não houve uma retração da entrada total de capital externo -muito baixa desde meados de 2002-, mas sim uma mudança em sua composição. A perda de ímpeto do investimento direto foi compensada por uma retomada do crédito.
Em fevereiro a captação de empréstimos externos de prazo superior a um ano pelo setor privado correspondeu a 86% das amortizações, uma melhora brusca em relação à média de 2002 (43%) e a janeiro de 2003 (apenas 17%).
A retomada da oferta de crédito externo parece prosseguir em março, a despeito da eclosão da guerra no Iraque. Em parte essa retomada reflete a dissipação da extrema desconfiança que pesava sobre a política econômica do Brasil. Mas reflete também a avaliação de que a guerra será breve, permitindo rápida normalização do mercado de petróleo e redução da incerteza internacional.
Se a guerra for mais longa, poderá perturbar a retomada do crédito externo ao Brasil. Diante desse risco, seria temerário que as autoridades diminuíssem seu empenho em aprofundar a melhora do saldo comercial do país.


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