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BUSH E A GUERRA
Vão-se multiplicando os sinais de que os generais do Pentágono subestimaram a capacidade
de resistência das forças iraquianas.
As batalhas são, no dizer dos próprios militares anglo-americanos,
mais difíceis do que o inicialmente
previsto. Tamanha foi a resistência
até aqui que comandantes da coalizão decidiram retardar a batalha de
Bagdá e abrir uma nova frente no
norte do Iraque. Resolveram também deslocar às pressas mais tropas
que se encontram nos Estados Unidos para a região do conflito.
Até George W. Bush e Tony Blair,
os líderes dos países que fazem a
guerra ao Iraque, admitiram que o
conflito poderá ser longo. Insistiram
que a vitória é certa. Com efeito, não
há razões para acreditar que as forças
anglo-americanas possam sair militarmente derrotadas. Sua superioridade tecnológica é tamanha que
prognosticar uma vitória de Saddam
Hussein é inconcebível.
Mas a disposição demonstrada pelos iraquianos torna lícito perguntar
se eles realmente desejam ser libertados de Saddam Hussein, um dos
principais objetivos da guerra, segundo Bush e Blair. Ninguém contesta que o regime que impera no Iraque seja uma ditadura cruel. Ainda
assim, é preciso pelo menos considerar a possibilidade de que parcela
significativa dos iraquianos prefira
viver sob essa tirania a ver o país administrado por tropas invasoras ou
por um seu preposto.
Se essa hipótese é verdadeira, a
idéia de levar a democracia ao Iraque
irá revelar-se um retumbante fracasso, pois não se pode impor instituições democráticas "manu militari".
Bush precisará de outros pretextos
para justificar sua guerra, principalmente para os norte-americanos,
que parecem estar entre os poucos
que ainda aceitam a desculpa de que
o conflito visa a "libertar" o Iraque.
Se é inconcebível que os exércitos
de Saddam possam triunfar militarmente, no campo político o presidente George W. Bush vem colhendo alguns reveses. E guerras, convém lembrar, não se travam apenas
no plano militar.
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