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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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BUSH E A GUERRA

Vão-se multiplicando os sinais de que os generais do Pentágono subestimaram a capacidade de resistência das forças iraquianas. As batalhas são, no dizer dos próprios militares anglo-americanos, mais difíceis do que o inicialmente previsto. Tamanha foi a resistência até aqui que comandantes da coalizão decidiram retardar a batalha de Bagdá e abrir uma nova frente no norte do Iraque. Resolveram também deslocar às pressas mais tropas que se encontram nos Estados Unidos para a região do conflito.
Até George W. Bush e Tony Blair, os líderes dos países que fazem a guerra ao Iraque, admitiram que o conflito poderá ser longo. Insistiram que a vitória é certa. Com efeito, não há razões para acreditar que as forças anglo-americanas possam sair militarmente derrotadas. Sua superioridade tecnológica é tamanha que prognosticar uma vitória de Saddam Hussein é inconcebível.
Mas a disposição demonstrada pelos iraquianos torna lícito perguntar se eles realmente desejam ser libertados de Saddam Hussein, um dos principais objetivos da guerra, segundo Bush e Blair. Ninguém contesta que o regime que impera no Iraque seja uma ditadura cruel. Ainda assim, é preciso pelo menos considerar a possibilidade de que parcela significativa dos iraquianos prefira viver sob essa tirania a ver o país administrado por tropas invasoras ou por um seu preposto.
Se essa hipótese é verdadeira, a idéia de levar a democracia ao Iraque irá revelar-se um retumbante fracasso, pois não se pode impor instituições democráticas "manu militari". Bush precisará de outros pretextos para justificar sua guerra, principalmente para os norte-americanos, que parecem estar entre os poucos que ainda aceitam a desculpa de que o conflito visa a "libertar" o Iraque.
Se é inconcebível que os exércitos de Saddam possam triunfar militarmente, no campo político o presidente George W. Bush vem colhendo alguns reveses. E guerras, convém lembrar, não se travam apenas no plano militar.


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