BRASÍLIA - Se o governo é acusado de "bater cabeça", a coisa na bancada petista do Congresso não anda melhor. O presidente da Câmara não preside, o líder do PT não lidera, e três ou quatro radicais fazem um estrago que nem a oposição inteira conseguiria. Aliás, nem quereria.
Em sessão pública, o já famoso deputado Babá faz insinuações grosseiras e perigosas contra o ministro Gushiken (Comunicação Institucional). Coloca assim um dos homens mais próximos a Lula sob suspeição.
Em plenário, o mesmo Babá lê inflamado discurso do então deputado e hoje ministro Ricardo Berzoini (Previdência) contra a autonomia do BC, o aumento dos juros e a dependência ao FMI, pedindo uma espécie de revolução do Congresso. Era contra o governo FHC. Mas Babá o usou contra o governo Lula.
Um deputado do PT contraria, portanto, a máxima de que "uma andorinha só não faz verão". Babá está esquentando o Congresso e dando um suadouro danado no partido e no governo. Com repercussões em cadeia.
Se o PT não controla o PT, por que os aliados PL, PTB, PDT, PSB e PC do B vão dever fidelidade ao Planalto? E, se os próprios governistas são os que mais inviabilizam as votações do governo, por que a oposição vai dar uma mãozinha para as reformas? Tudo está, como diz Roberto Brant (PFL-MG), "degringolando".
Os próprios petistas mais consequentes tanto concordam que entraram em campo para tentar dar ordem à bagunça. São em torno de 20 deputados que se oferecem para fazer uma espécie de liderança paralela para conter os radicais e evitar que continuem atraindo os holofotes e prejudicando as votações.
O novo grupo já fala até em expulsão do Babá, que é de um grupo tão minoritário no PT que nem assento no Diretório Nacional tem. A intenção é tirar José Dirceu e José Genoino da linha de frente do confronto público com Babá e os radicais. Mas, no fundo, o que o PT precisa mesmo é tirar o próprio PT da linha de fogo. Para não degringolar.


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