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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Tragédia em vermelho
"Nas fotos que nos chegam da guerra, o imenso sol amarelo explodido em areia cobre a terra devastada, e os corpos se despedaçam em laranja. A cobertura da Folha prima pela isenção sem ser fria. Tem escala humana e, por isso, dá-nos a dimensão da tragédia que já se "avermelha". Parabéns aos repórteres Sérgio Dávila e Juca Varella por se contraporem com sensibilidade e coragem à "inteligência" das bombas."
Marcílio Godoi (São Paulo, SP)

 

"Desde antes do início do conflito no Iraque, eu pensava que, se Bush estava disposto a começar uma guerra e a ignorar o Conselho de Segurança da ONU, por que Saddam teria o pudor de respeitar a Convenção de Genebra? A ONU está desacreditada, e não há crimes de guerra sem uma autoridade competente para julgá-los. Estamos vendo os Estados Unidos e o Iraque violarem leis internacionais ao exibirem prisioneiros de guerra, utilizarem milícias paramilitares e censurarem a imprensa. A seguir esse ritmo, talvez o mundo descubra, da pior maneira possível, se Saddam possui ou não armas de destruição em massa. Se a popularidade de Bush continuar a cair, talvez ele comece mesmo a torcer para que o ditador iraquiano as utilize."
João Carlos Schleder Filho (São Paulo, SP)

 

"Todas as manifestações de repúdio que estão sendo dirigidas aos Estados Unidos e aos norte-americanos por conta desta guerra estúpida deveriam ser dirigidas apenas aos membros do Partido Republicano, do presidente Bush. A América dos democratas está tão estarrecida quanto o resto do mundo com a maneira como os caipiras ignorantes republicanos vêm conduzindo a sua política externa."
Mário Barilá Filho (São Paulo, SP)

 

"Que a Folha abra as suas páginas para as opiniões mais variadas é muito louvável. Mas que articulistas emitam barbaridades é absolutamente reprovável. Ensaiando uma análise histórica fácil e ligeira, Nelson Ascher ("A guerra dos números", Ilustrada, pág. E6. 24/3) atenta contra o pensamento pacifista justamente nesse pesado momento ideológico-imperialista que vivemos. Adota Homero sem a necessária historicidade, fala em "obsessão recente" quando se refere a pessoas que se opõem à guerra, cita números sobre o conflito árabe-israelense com a mesma futilidade com que os descarta, afirma que os norte-americanos buscam não matar civis em suas guerras justamente no momento em que atacar uma cidade com 4,5 milhões de habitantes não foi impedimento para eles, acoima Noam Chomsky de ser paranóico e cria uma categoria da opinião pública que lhe parece execrável -"os que odeiam as guerras". Com articulistas assim, nem precisamos dos discursos de Bush e Sharon."
Frederico Alexandre de Moraes Hecker, professor de história contemporânea da Unesp (Assis, SP)

Cultura
"Gostaria de esclarecer ao leitor dessa Folha que, diferentemente do que possa sugerir uma leitura apressada da nota "Literatura de bolso" ("Painel", Brasil, pág. A4, 27/3), a Secretaria da Cultura está ampliando o atendimento às crianças e aos adolescentes carentes neste ano de 2003 nos diversos projetos sociais que implementamos de forma a propiciar inclusão cultural e combate à violência -numa perspectiva de uma cultura para a paz. Em 2002, atendemos 74.862 crianças e jovens. Hoje, graças ao empenho da gestão anterior e da atual equipe, atenderemos 78.000. Nesse contexto, a nova filosofia de gestão pública (e não empresarial -afinal, nunca atuei no setor privado, pois sou especialista em políticas públicas) que estamos adotando implicou aumentar o impacto dos projetos de forma a abranger mais gente. Especificamente em relação ao programa mencionado na nota, esclareço que o projeto "Quem Conta um Conto Aumenta um Canto" não é projeto de iniciativa da secretaria, e sim da ONG Caritas Santa Suzana. É um projeto que já encontrei, na minha chegada, sem contrato ou financiamento desta pasta e está interrompido para reanálise. Em reunião em 20 de fevereiro, recebemos das mãos da senhora Cida Lemos a proposta da ONG para 2003, que está sendo agora avaliada por nosso quadro técnico."
Cláudia Costin, secretária da Cultura do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Público e privado
"Em relação à nota "Público e privado" ("Painel", Brasil, pág. A4, 23/3), gostaria de esclarecer o que segue. 1) Deixei minhas atividades empresariais há 13 anos para me dedicar de forma voluntária à criação da Fundação Abrinq, acreditando que o setor empresarial teria uma grande contribuição a dar na promoção da justiça social no Brasil. 2) Ao criar o Instituto Ethos, em 1998, com meus companheiros que fazem parte do Conselho Deliberativo da entidade, sabia que estávamos promovendo um grande salto qualitativo na promoção da responsabilidade social empresarial em nosso país. 3) Ao assumir o cargo de assessor especial do presidente Lula, afastei-me do cargo de presidente do Instituto Ethos. 4) No meu novo cargo, procuro aproveitar minha experiência para mobilizar a sociedade civil -em especial a classe empresarial- para ajudar na inclusão social de milhões de brasileiros. 5) O Instituto Ethos produziu, com o patrocínio da empresa CBMM -Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração-, uma das empresas mais socialmente responsáveis do país, o excelente manual "Como as Empresas Podem Apoiar e Participar do Combate à Fome". Tenho utilizado esse manual para orientar as empresas e as entidades empresariais sobre a melhor forma de engajamento no combate à fome. Como resultado, tenho recebido a adesão maciça da classe empresarial, à qual agradeço imensamente pela postura cidadã. 6) Conclamo todas as empresas e seus funcionários a participarem do mutirão contra a fome. Agradeço e parabenizo o Instituto Ethos e a CBMM pela publicação do manual, que está ajudando as empresas e as entidades empresariais a melhorar a vida de tantos brasileiros e a construir um país melhor para nós e para nossos filhos."
Oded Grajew, assessor especial do presidente da República (Brasília, DF)

SBPC
"Em relação ao artigo "A morte anunciada da SBPC" ("Tendências/Debates", 19/3), gostaria de dizer que, na década de 60, quando, à testa da Funbec, liderava o esforço de inovação do ensino de ciências, levei para a reunião anual da SBPC os finalistas do concurso Cientistas de Amanhã e o professor de ciências premiado do ano, atraindo professores das escolas secundárias. Na década seguinte, quando fui membro do conselho, tentei em vão transformar a SBPC numa confederação de sociedades científicas. Como ocorre com a American Association for Advancement of Science, a apresentação de trabalhos originais é sempre feita nas reuniões especializadas -com cerca de 2.000 participantes, que enchem cidades como Caxambu e São Lourenço. Felizmente, sem ter de defender os cientistas das investidas da ditadura, a SBPC perdeu muito de seu papel, mas retém a representatividade em muitos colegiados oficiais sem ter em seu quadro a maioria da comunidade científica ativa. Tentei fazer alertas muitas vezes para o fato de que qualquer grupo -os "amigos das alienígenas" ou outro qualquer- pode não apenas dominar a reunião anual mas eleger seu presidente. Sou totalmente favorável a atrair professores secundários e jovens estudantes para a SBPC, mas torná-los sócios entregaria a sociedade a grupos que, tendo interesses outros que o avanço da ciência, passariam a dominá-la e a falar em nome da comunidade científica."
Isaias Raw, presidente da Fundação Butantan (São Paulo, SP)


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