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MARTA EM QUEDA
Os resultados da pesquisa
Datafolha publicada hoje por
esta Folha não deixam dúvidas sobre
o forte desgaste sofrido pela prefeita
Marta Suplicy nos últimos meses.
Em dezembro, o desempenho da
prefeita era visto como ótimo ou
bom por 32% dos entrevistados, percentual que agora cai para 22%. No
levantamento das intenções de voto,
sua rejeição, de 44%, é igual à do ex-prefeito Paulo Maluf.
Nos cenários nos quais é confrontada com diferentes possíveis candidatos, Marta mais perde do que vence seus concorrentes. Maluf e José
Serra aparecem à frente da petista, e
na simulação em que vai melhor, ela
supera em seis pontos percentuais a
rival Luiza Erundina.
É ainda muito cedo para apreciações mais definitivas acerca do comportamento do eleitorado. Mais de
seis meses ainda nos separam do dia
em que o paulistano comparecerá às
urnas. Um dos pré-candidatos, o secretário da Segurança do Estado,
Saulo de Castro Abreu Filho, é pouco
conhecido da população. De acordo
com a pesquisa, apenas 25% são capazes de identificá-lo.
Nada disso, porém, invalida as interessantes indicações que podem
ser extraídas do levantamento. O
acentuado enfraquecimento da prefeita evidencia que as análises até há
pouco correntes, sobre seu favoritismo no pleito de outubro, devem ser
revistas. Não apenas a avaliação da
prefeitura declina, mas igualmente
os indicadores relativos à imagem
pessoal da alcaidessa.
A pergunta a ser feita é o que poderia ter ocasionado, nos últimos meses, esse declínio de prestígio. No
âmbito local, a pesquisa ocorre após
um verão bastante problemático para a prefeitura: as enchentes se sucederam, conturbando o cotidiano da
cidade. Enquanto as águas inundavam residências em São Paulo e provocavam engarrafamentos, Marta
encontrava-se na Europa.
De volta, a prefeita viu-se duramente questionada. Chegou a bater boca
com uma vítima das cheias na TV e
deixou no ar uma imagem de arrogância e ineficiência. Foi também
nesse mesmo período que tiveram
início suas discutíveis obras viárias,
que trazem mais transtornos ao já
complicado trânsito da cidade.
Embora questões locais tendam a
ter prevalência sobre as nacionais em
pleitos de municípios, no caso paulistano essa assertiva, ao menos neste ano, deve ser relativizada. É forte a
identificação da prefeita com o Partido dos Trabalhadores e o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva -todos, em
última instância, frutos da política
paulista. Sendo assim, não se pode
descartar que as reverberações da crise política instalada no governo federal, bem como suas dificuldades na
área econômica, influenciem o julgamento do cidadão paulistano.
Fica dos números a perspectiva de
uma eleição mais acirrada do que se
imaginava.
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