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NEGOCIAÇÃO DIFÍCIL
Por ora, o Planalto parece ter
escapado do pior no encontro
dos governadores estaduais ocorrido
anteontem. Embora não tenha conseguido excluir da pauta da reunião a
espinhosa exigência de renegociação
da dívida dos Estados, a mobilização
orquestrada pelo ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, reduziu o
peso dado à questão na nota oficial
que emergiu da reunião.
A vitória do governo foi, contudo,
apenas parcial. Se, por um lado, reduziu-se a referência ao endividamento dos Estados, por outro, o tom
do documento foi de cobrança em
relação a compromissos assumidos
pelo governo federal -além de pressões veementes por crescimento e
geração de empregos.
A nota oficial está longe de sugerir
um consenso. Muito pelo contrário,
o que fica claro é que, na conjuntura
atual e diante da política de austeridade adotada pela equipe econômica
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está em curso uma disputa acirrada por verbas e recursos. Certamente
não é por acaso que os governadores
fincam o pé, por exemplo, no que se
refere ao aumento do fundo criado
para compensar as perdas causadas
pelo fim da cobrança de ICMS sobre
as exportações. Ou ainda, que exijam
o fim do contingenciamento de verbas destinadas à segurança pública.
A contenda entre governo federal e
governos estaduais promete novos
desdobramentos. A nota produzida
no encontro aponta quais serão os
tópicos que nortearão o embate, definindo a pauta de negociações futuras. Ela mostra também que o conflito em torno das dívidas dos Estados,
mesmo minimizado nesse momento, certamente voltará à cena.
O governo Lula sem dúvida deve
evitar o ônus de uma renegociação
dessas dívidas que represente um
afrouxamento da política fiscal -o
que poderia colocar em xeque sua
credibilidade perante os mercados financeiros. Não poderá, porém, simplesmente ignorar os pleitos, alguns
bastante razoáveis, apresentados pelos governadores.
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