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Editoriais
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Inclusão amiga
NÃO CHEGA a surpreender a
notícia de que o Ministério das Comunicações
lançou uma licitação para levar
internet sem fio gratuita a 163 cidades, das quais apenas duas são
administradas pela oposição. Se
confirmado, o processo seguirá o
padrão clientelista de distribuição de verbas públicas adotado
pelo governo Lula -notadamente nas pastas a cargo do PMDB.
Por ocasião das tragédias causadas pelas chuvas no Rio de Janeiro, soube-se que o Ministério
da Integração Nacional havia
destinado 90% das verbas para
prevenção contra desastres, em
2009, à Bahia -Estado do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Minas Gerais, não por acaso reduto
político do ex-ministro Hélio
Costa, terá o maior número de
cidades digitais.
Também são do PMDB cinco
das seis cidades listadas em
Goiás, e todas as quatro selecionadas no Espírito Santo. Murici
(AL), cujo prefeito é filho do senador Renan Calheiros (PMDB),
também foi incluída no edital.
Das localidades favorecidas,
37% são do PMDB, e 22%, do PT.
O governo nega ter usado critérios políticos, mas é difícil entender por que PSDB e DEM, que
elegeram 23% dos prefeitos do
país em 2008, só representem
1% dos municípios atendidos.
Tampouco é compreensível o
afã da pasta em lançar um programa que diz ser "complementar" ao Plano Nacional de Banda
Larga, enquanto o governo não
consegue tornar viável seu ambicioso projeto de inclusão digital.
As justificativas oficiais para a
exclusão da oposição são pouco
convincentes e encobrem mal o
sentido do plano. Da liberação de
verbas para emendas parlamentares até a concessão de financiamentos para prefeituras, tudo
segue o modelo clientelista -ou,
para usar o termo mais atual, a
garantia da "governabilidade",
que tudo justifica.
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