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ALERTA COLOMBIANO
Não é difícil entender a mensagem que os colombianos deram ao eleger, já no primeiro turno
do pleito presidencial, o direitista Alvaro Uribe. O candidato prometera
esmagar, "manu militari", a guerrilha. Com uma votação de mais de
50%, os colombianos deram a Uribe
o mandato para fazê-lo.
Razões para a angústia, a população colombiana tem de sobra: meio
século de guerra civil em que a violência política só cresceu. Para agravar ainda mais a sensação de impotência, o presidente que sai, Andrés
Pastrana, fora eleito, em 1998, com a
promessa de encontrar uma solução
negociada para o conflito. Falhou, e
por culpa, principalmente, da guerrilha. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), maior
grupo armado, não foram capazes
de abandonar a luta armada para
converter-se em partido político.
Há razões para esperar uma escalada militar. Uribe, apesar de ter sugerido a possibilidade de mediação internacional para o conflito, quer dobrar o número de policiais e de soldados. Seu projeto mais polêmico,
porém, é o de organizar um exército
de mais de 1 milhão de civis para
combater os grupos armados.
Em discursos, Uribe diz que vai enfrentar, além da guerrilha, os paramilitares direitistas das Autodefesas
Unidas da Colômbia (AUC), mas
analistas independentes sugerem
que ele é próximo demais desses círculos para tornar a promessa crível.
Como as guerrilhas, as AUC se financiam recorrendo ao narcotráfico
e à indústria de sequestros.
Os colombianos têm todo o direito
de querer ver extirpados os grupos
armados que tantas desgraças trouxeram ao país. Resta saber se a guerra total, como Uribe ameaça fazer, é
o melhor caminho. Não é impossível
que a população se arrependa da escolha tão logo o preço fique claro. Os
colombianos mudaram de idéia em
relação a Pastrana, por exemplo. A
diferença é que na guerra, ao contrário da via negociada, o caminho de
volta é muito mais difícil.
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