São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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ALERTA COLOMBIANO

Não é difícil entender a mensagem que os colombianos deram ao eleger, já no primeiro turno do pleito presidencial, o direitista Alvaro Uribe. O candidato prometera esmagar, "manu militari", a guerrilha. Com uma votação de mais de 50%, os colombianos deram a Uribe o mandato para fazê-lo.
Razões para a angústia, a população colombiana tem de sobra: meio século de guerra civil em que a violência política só cresceu. Para agravar ainda mais a sensação de impotência, o presidente que sai, Andrés Pastrana, fora eleito, em 1998, com a promessa de encontrar uma solução negociada para o conflito. Falhou, e por culpa, principalmente, da guerrilha. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), maior grupo armado, não foram capazes de abandonar a luta armada para converter-se em partido político.
Há razões para esperar uma escalada militar. Uribe, apesar de ter sugerido a possibilidade de mediação internacional para o conflito, quer dobrar o número de policiais e de soldados. Seu projeto mais polêmico, porém, é o de organizar um exército de mais de 1 milhão de civis para combater os grupos armados.
Em discursos, Uribe diz que vai enfrentar, além da guerrilha, os paramilitares direitistas das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), mas analistas independentes sugerem que ele é próximo demais desses círculos para tornar a promessa crível. Como as guerrilhas, as AUC se financiam recorrendo ao narcotráfico e à indústria de sequestros.
Os colombianos têm todo o direito de querer ver extirpados os grupos armados que tantas desgraças trouxeram ao país. Resta saber se a guerra total, como Uribe ameaça fazer, é o melhor caminho. Não é impossível que a população se arrependa da escolha tão logo o preço fique claro. Os colombianos mudaram de idéia em relação a Pastrana, por exemplo. A diferença é que na guerra, ao contrário da via negociada, o caminho de volta é muito mais difícil.


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