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ELITE UNIVERSITÁRIA
A grande expansão de vagas na
rede superior de ensino registrada nos anos 90 não rompeu a desigualdade social no acesso ao sistema. O que houve no período foi um
aumento da participação da camada
mais abastada na população brasileira que cursa faculdade. A conclusão
a que chegou o sociólogo Simon
Schwartzman, a partir de dados do
IBGE, se harmoniza perfeitamente
com o modelo de expansão pelo qual
as autoridades públicas na área da
educação optaram, baseado na abertura do setor à iniciativa privada.
Há demanda crescente por formação universitária na sociedade brasileira. O governo decidiu deixar que o
mercado se incumbisse de suprir
parte dessa demanda. Assim, o pequeno estrato social que dispõe de
renda para bancar curso universitário alavancou a expansão do sistema,
num ambiente burocrático marcado
pela desregulamentação. O rápido
crescimento das vagas se deu em detrimento da qualidade do ensino.
Além disso, o modelo de expansão
adotado pelo governo não é capaz de
proporcionar desenvolvimento científico nem democratização do acesso
à faculdade. Para atingir esses objetivos, será preciso adotar um outro
conjunto de iniciativas.
Ensino superior de qualidade é elitizado em todo o mundo. A diferença
é que essa elitização se dá mais em
razão do desempenho intelectual
dos indivíduos do que de sua renda
familiar. Estados democráticos maduros se esforçam em proporcionar
condições equânimes de acesso ao
ensino superior, seja ao filho do pedreiro, seja ao filho do empresário.
Há enorme desperdício de talento
quando, como ocorre no Brasil, a
maioria maciça da população está,
por fatores socioeconômicos, alijada
da possibilidade de cursar faculdade.
Apenas um ensino fundamental e
médio de qualidade bem como uma
expansão seletiva das vagas no superior, financiados com dinheiro público, poderão fazer com que diminua a barreira de classes no acesso ao
saber. Tudo isso deve ser feito sob o
critério da excelência. É preciso repelir as propostas de implantar cotas
nas universidades públicas para segmentos sociais específicos.
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