São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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O CRESCIMENTO DO PIB

O desempenho do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre parece demonstrar que a economia brasileira vai saindo do quadro recessivo em que mergulhou em 2003, embora ainda persistam as dúvidas sobre o vigor e a qualidade do crescimento. O PIB, que representa a soma das riquezas geradas no país, cresceu 1,6% no período janeiro-março em relação ao trimestre anterior. No cotejo com os mesmos meses de 2003, a expansão foi de 2,7%.
Os números devem ser observados com cautela, dada a baixa base de comparação. A economia encolheu 0,2% no ano passado, embora mostrasse sinais de recuperação nos últimos trimestres. Sendo assim, ao calcular a taxa de expansão no acumulado de 12 meses, o IBGE constatou que não houve crescimento.
Os dados apurados continuam evidenciando um pólo dinâmico nas exportações, lideradas pelo agronegócio, cujas demandas aquecem setores da indústria. Já o consumo das famílias, cresceu apenas 0,3% em relação ao último trimestre -ressentindo-se da renda deprimida e da alta taxa de desemprego. Dessa forma, o desempenho da produção voltada para o mercado interno, notadamente a dos setores cujas vendas dependem mais diretamente da renda, parece continuar marcado por "bolhas" episódicas, talvez criadas pela decisão do consumidor de recorrer ao crediário.
Os resultados do PIB colocam em questão a possibilidade de a economia vir a atingir neste ano a estimativa de crescimento de 3,5%. Para que isso possa ocorrer, a expansão nos próximos trimestres precisaria manter-se 3,8% acima da verificada nos mesmos trimestres de 2003.
Embora, em tese, factível, esse objetivo encontra-se ameaçado pelas recentes mudanças da conjuntura internacional, com a elevação do preço do petróleo e o iminente aumento dos juros nos EUA -fatores que estão gerando alguma turbulência e serviram de justificativa para uma posição ainda mais cautelosa do Banco Central no afrouxamento da política monetária.


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