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DIREITOS NO BRASIL
Já há vários anos os relatórios
anuais da Anistia Internacional
(AI) a respeito do Brasil identificam
os mesmos problemas: homicídios
cometidos por policiais, tortura,
maus-tratos e péssimas condições
carcerárias. Também estão se tornando repetitivas as menções elogiosas a sucessivos governos federais,
que tentam impor o respeito aos direitos humanos, mas sem muito sucesso, como o prova a própria persistência das violações.
Existem várias explicações para o
fenômeno. Uma que parece especialmente importante está na constatação de que a sociedade brasileira ainda não se encontra plenamente convencida de que direitos humanos são
um valor universal do qual nenhum
país civilizado pode abrir mão. Se estivesse convicta da importância do
respeito aos direitos e garantias fundamentais, é de supor que as iniciativas oficiais para reduzir o nível de
abusos prosperariam.
Por aqui, infelizmente, ainda triunfam políticos que pregam a violência
em nome da segurança e continuam
sendo acolhidas fórmulas como
"bandido bom é bandido morto" ou
"direitos humanos para os humanos
direitos". E, quando uma autoridade
faz coro a esse tipo de manifestação,
a tendência é que os policiais sob seu
comando interpretem a mensagem
como uma licença para matar. Não é
uma surpresa, portanto, que o bordão "resistência seguida de morte"
dos boletins de ocorrência tenha se
tornado eufemismo para execuções.
É razoável que pessoas mais diretamente atingidas pelo crime desejem
aplicar aos celerados o mesmo tratamento dispensado a seus familiares,
o tão bíblico "olho por olho, dente
por dente". Mas compreender essa
lógica não significa aprová-la.
O Estado é uma entidade impessoal e que deve pautar-se pelo respeito irrestrito a princípios universais e à
lei. Isso significa que seres humanos, independentemente de serem
mocinhos ou bandidos, são titulares
de direitos humanos que não podem
ser revogados por nenhum tribunal,
governador ou agente da lei.
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