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CARLOS HEITOR CONY
Aparecer para crescer
RIO DE JANEIRO - Nenhuma
surpresa para mim a "pole position" de Lula na próxima eleição.
Não havendo fato novo, ele vai encaçapar mais um mandato. Isso está longe de significar que fez por
merecer uma nova investidura.
Sabemos que Lula não é inocente
nos casos de corrupção que vieram
à tona recentemente. Nelson Rodrigues diria que até as cotias do
Campo de Santana, aqui no Rio, sabem que ele é o responsável principal por tudo o que houve em matéria de corrupção. Como explicar,
então, o seu favoritismo, que tende
a crescer, entre outros motivos, por
falta de concorrentes categorizados? A explicação é simples. Nos últimos quatro anos, não houve brasileiro com maior índice de exposição
nas diversas mídias do que o presidente da República.
Para o eleitorado esclarecido,
25% ou 30% da população, a exposição pode ter sido até negativa.
Mas, para o grosso do eleitorado, a
exposição é tudo, torna determinado cidadão conhecido de outros ou
de todos os cidadãos. Uma regra
não-escrita garante que a relação
candidato-eleitor se apóia basicamente no conhecimento.
E Lula vem de longe. Desde o
tempo das lutas sindicais, passando
pelas eleições que perdeu e pelos
três anos e meio em que apareceu
na mídia mais do que Ronaldinho
Gaúcho ou qualquer outro artista
da TV. Não há brasileiro que não o
conheça ou o confunda com outros
personagens de nossa vida pública.
Bom ou mau, não importa.
Tenho experiência no assunto.
Há tempos fui entrevistado no programa de Roberto D'Avila sobre literatura e amenidades. No dia seguinte, fui abordado por um desconhecido que declarou que votaria em mim para o que fosse, vereador,
deputado, senador, governador, o
escambau. O programa durou 30
minutos. Se demorasse mais, até
para papa ele votaria em mim.
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