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O novo menino do quarteirão
MARIO GARNERO
Estamos em voga também porque o Cristo Redentor está prestes a ingressar na lista das sete maravilhas do mundo moderno
"Nenhum pessimista jamais descobriu
o segredo das estrelas, navegou por terras não descobertas ou abriu uma nova
porta para o espírito humano."
Hellen Keller.
OUVE-SE ECOAR nas maiores
metrópoles do mundo o nome
do Brasil como o novo protagonista no palco mundial. Sente-se no
pulsar dessas ruas o entusiasmo de
uma descoberta: no clube dos oito, o
Brasil é o que os ingleses chamam de
"the new kid on the block".
A primeira razão para a euforia é a
revelação de que o nosso país é o
maior e mais eficiente produtor de
energia a partir do etanol e dos biocombustíveis, sendo, portanto, o mais
idôneo para acabar com a dependência dos países desenvolvidos no petróleo árabe e venezuelano.
Neste sentido, Europa e Estados
Unidos já se preparam para uma lenta
e gradual substituição da gasolina para o etanol e o biodiesel em seus carros. Desta forma, caminhamos seguramente para uma segunda revolução
industrial nacional -a primeira deflagrada há mais de 30 anos, com os
milhões de carros produzidos à base
de etanol, cujo barril hoje custa US$
30, metade do preço do petróleo.
Depois, há um consenso internacional de que nós somos agora um
país sério, estável e em franco crescimento. E os números econômicos só
fazem ratificar esse entendimento.
Vejamos.
Com o dólar a R$ 1,90, contamos
hoje com exportações na ordem dos
US$ 160 bilhões e importações no
montante de US$ 115 bilhões, o que
nos confere um saldo positivo na balança comercial de US$ 45 bilhões.
Assim, temos hoje um PIB de US$ 1,15
a US$ 1,2 trilhão a dólar de 31 de dezembro de 2006, alcançando o posto
de oitava maior economia do mundo.
Registre-se que, ao final do ano, a continuar nesse ritmo, deixaremos a Itália para trás e seremos a sétima. E tudo graças à inflação controlada em no
máximo 3,5% ao ano.
Ademais, prevê-se para o Brasil um
crescimento mínimo de 5% nos próximos anos, o que pode ser obtido sem
muito esforço.
A boa notícia, entretanto, não vem
só na esteira dos números econômicos. Recente pesquisa do IBGE detectou um vertiginoso movimento de ascensão social no país, representado
pela migração de 8% da população
brasileira das camadas mais pobres,
chamadas "D" e "E", para a camada
"C", o que denota significativa melhora da qualidade de vida dos mais carentes e sensível redução das desigualdades que nos envergonham.
Acertamos também as contas com
o passado, eliminando a embaraçosa
dívida externa de outrora e acumulando reservas no valor de US$ 125 bilhões, mais de US$ 50 bilhões dos
quais são títulos da dívida americana.
Ou seja, o Brasil é hoje credor dos Estados Unidos.
Tampouco fazemos bravatas nucleares, exibicionismo bélico ou praticamos a expropriação da propriedade privada. Já deixamos patente em
nossa Constituição Federal, bem como em tratado internacional, que jamais pretendemos desenvolver armas nucleares. Somos sérios, conquanto o momento histórico em que
viveu Charles de Gaulle o autorizasse
a pensar o contrário.
E se, não obstante, o nosso risco-país ainda assusta as lesmas que são
as agências de "rating" -que, para espanto geral, ainda vivem num universo em que o risco-Zâmbia é melhor
que o Brasil-, o próprio mercado se
encarrega de nos conferir o grau de
investimento necessário, a despeito
dos caracóis.
O fato é que o Brasil se encontra hoje em posição ímpar na sua história
nacional, com postura econômica sóbria e transparente, força empresarial
destacada e presença internacional
fortalecida. E essa nova atitude está a
inspirar confiança mundo afora, expondo à luz um país que parece ter
enfim encontrado o caminho da boa
governança, isto é, da eficiência, e não
da ideologia, do pragmatismo, mas
respeitador do meio ambiente e, sobretudo, dos direitos e prerrogativas
dos seus trabalhadores -motores do
progresso nacional.
Por fim, não deixo de lembrar que
estamos em voga também porque o
nosso Cristo Redentor está prestes a
ingressar na famosa lista das sete maravilhas do mundo moderno. O concurso está sendo conduzido pela internet e se dá por voto popular, a ser
inscrito no endereço eletrônico
www.7nw.com até o próximo dia 7
de julho. Ainda faltam aproximadamente 5 milhões de votos para o Cristo chegar lá. É hora, pois, de lutarmos
por outra vitória.
MARIO GARNERO, 69, advogado, é presidente do conselho do grupo Brasilinvest, do Fórum das Américas e da Associação das Nações Unidas-Brasil.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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