São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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VALDO CRUZ

Mais uma

BRASÍLIA - Descobriram mais uma no país das desigualdades e dos privilégios oficiais. Juízes paulistas ganhavam um auxílio-voto de pelo menos R$ 3.400 por mês. Isso mesmo, para dar um votinho extra, o juiz poderia embolsar ao final de cada mês o equivalente a mais de sete salários mínimos.
Juiz que não corre risco de demissão, pode trabalhar no ritmo que considerar adequado e tem aposentadoria garantida pelo dinheiro público. Enquanto isso, uma boa parte dos trabalhadores brasileiros sentiu de perto a ameaça de perder emprego -alguns perderam e jamais vão sonhar com um extrinha desse tamanho.
O mais novo exemplo de privilégio, descoberto e suspenso pelo CNJ (Conselho Nacional da Justiça), é apenas mais um entre inúmeros. No Judiciário, se forem vasculhar com atenção, vão descobrir outros, tenha certeza. Não é tarefa fácil, mas necessária.
No caso em questão, o CNJ vinha insistindo para ter acesso às informações, mas esbarrava na resistência do tribunal de São Paulo -com certeza, com receio de tornar público o privilégio.
Benesses como o auxílio-voto estão espalhados por todos os três Poderes. Do Congresso, tivemos exemplos aos borbotões nos últimos meses, com parlamentares lidando com o dinheiro público como se fosse deles.
Seria interessante somar todos os tipos de mordomia existentes no Brasil e descobrir a montanha de dinheiro despendida para favorecer classes já privilegiadas. Cortar essas regalias não mataria ninguém e poderia ajudar a atenuar o abismo da desigualdade social brasileira. Algo que, para mim, deveria ser uma das principais funções de políticos e juízes.
Daria, além disso, a sensação de que o meu, o seu, o nosso dinheirinho, que banca essas mordomias, está sendo mais bem aplicado.


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