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LUIZ FERNANDO VIANNA
O risco mordomo
RIO DE JANEIRO - Gente muito
mais qualificada já falou e escreveu
que a CPI da Petrobras não deve dar
em nada. Mas, se o tema ocupa tanto a imprensa, é porque há o risco
de alguma coisa acontecer.
Para a oposição (sic), o pior cenário são as mexidas no papelório remontando aos tempos em que a
empresa estava nas mãos de tucanos e "demos" -então pefelistas,
mas sempre "demos". Nem tudo
que subiria à tona seria belo. Por saber disso, a chamada base aliada
(sic) dá as cartas.
Do lado do governo, o desastre seria ver a locomotiva que levará o
Brasil rumo à terra do "nunca antes" se engasgar em superfaturamentos, licitações obscuras, uso político farto. Se a oposição (sic) encontrar um veio nessa floresta negra, poderá segui-lo até a uma vitória em 2010 e, consequentemente,
ao grito "O pré-sal é nosso!".
E ainda tem aquela hidra que jamais é oposição nem aliada: o
PMDB. Mas todos sabem que este
partido (sic) sairá sempre ganhando, porque é formado, em sua maioria, por profissionais bons no que
fazem. Não convém ofender o recato e a inteligência do leitor com elucubrações pretensamente sérias se
o assunto não o é.
Isto posto, parece realmente provável que as partes envolvidas
achem melhor só fazer mau teatro
em vez de investigar algo com profundidade. O problema é que, como
ensinava Ulysses Guimarães, sabe-se como uma CPI começa, não como ela acaba.
E, em algumas, surgem personagens que não conhecem bem o
script, não dominam o uso das máscaras. É um motorista aqui, um caseiro ali... E pronto: cai um presidente, cai um ministro da Fazenda,
acontece o que a etiqueta de Brasília não prevê.
Não se devem temer muito os políticos na CPI da Petrobras. O culpado pode ser o mordomo.
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