São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUIZ FERNANDO VIANNA

O risco mordomo

RIO DE JANEIRO - Gente muito mais qualificada já falou e escreveu que a CPI da Petrobras não deve dar em nada. Mas, se o tema ocupa tanto a imprensa, é porque há o risco de alguma coisa acontecer.
Para a oposição (sic), o pior cenário são as mexidas no papelório remontando aos tempos em que a empresa estava nas mãos de tucanos e "demos" -então pefelistas, mas sempre "demos". Nem tudo que subiria à tona seria belo. Por saber disso, a chamada base aliada (sic) dá as cartas.
Do lado do governo, o desastre seria ver a locomotiva que levará o Brasil rumo à terra do "nunca antes" se engasgar em superfaturamentos, licitações obscuras, uso político farto. Se a oposição (sic) encontrar um veio nessa floresta negra, poderá segui-lo até a uma vitória em 2010 e, consequentemente, ao grito "O pré-sal é nosso!".
E ainda tem aquela hidra que jamais é oposição nem aliada: o PMDB. Mas todos sabem que este partido (sic) sairá sempre ganhando, porque é formado, em sua maioria, por profissionais bons no que fazem. Não convém ofender o recato e a inteligência do leitor com elucubrações pretensamente sérias se o assunto não o é.
Isto posto, parece realmente provável que as partes envolvidas achem melhor só fazer mau teatro em vez de investigar algo com profundidade. O problema é que, como ensinava Ulysses Guimarães, sabe-se como uma CPI começa, não como ela acaba.
E, em algumas, surgem personagens que não conhecem bem o script, não dominam o uso das máscaras. É um motorista aqui, um caseiro ali... E pronto: cai um presidente, cai um ministro da Fazenda, acontece o que a etiqueta de Brasília não prevê.
Não se devem temer muito os políticos na CPI da Petrobras. O culpado pode ser o mordomo.


Texto Anterior: Brasília - Valdo Cruz: Mais uma
Próximo Texto: Kenneth Maxwell: Nova Mazagão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.