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ELIANE CANTANHÊDE
Foi uma cacetada
BRASÍLIA - O solene "não" de Aécio Neves para ser vice na chapa de
José Serra pega a oposição de jeito e
deixa o candidato na mão. A alternativa para vice era Aécio ou Aécio.
Em não sendo ele, ocorrem automaticamente dois efeitos: os partidos da coligação tendem a se engalfinhar pela vaga, e qualquer um
que seja escolhido será sempre o
que foi porque Aécio não quis. Não
chega a ser emocionante.
Há também a questão da oportunidade, pois a negativa de Aécio
ocorre justamente quando Dilma
Rousseff empata com Serra, deixando a oposição nervosa. Uma interpretação legítima é que Aécio fez
os cálculos, olhou o horizonte e não
apostou nas chances de vitória.
E há, por fim, um punhado de interrogações no rastro da decisão de
Aécio: sem ser vice, até que ponto
ele vai se envolver com a campanha
além das formalidade e atrair votos
para Serra? E como fica o poderoso
eleitorado de Minas, segundo colégio eleitoral do país?
O passado condena Aécio, que é
inequivocamente o principal líder
político de Minas, sempre tem expressivas votações e já mostrou que
é capaz de transferir montanhas de
votos. Mas tem que querer. Há sérias dúvidas se realmente quis em
2002, quando Serra foi o candidato
tucano, e em 2006, com Geraldo
Alckmin concorrendo. Lula deu de
lavada no Estado nas duas vezes.
Olhando para a frente, Serra tem
três opções. Pela ordem: indicar um
vice do PP, que engrossaria o tempo de TV; pinçar um do DEM no
Nordeste; e, "se não tem tu, vai de
tu mesmo" -a chapa puro-sangue.
Péssimo para Serra? Mas ainda
pode piorar. Basta ele chegar à convenção de 12 de junho só, sem Aécio
e sem vice nenhum.
As perspectivas de Aécio, porém,
não são melhores: quatro anos
num Senado às traças, para bater
de frente com o candidato Lula em
2014, não é o melhor dos mundos. A
não ser que, ao contrário de Serra
para a vice, Aécio tenha um mirabolante plano B. A ver.
elianec@uol.com.br
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