São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Drogas
"Excelente o editorial "Os números da droga" (Opinião de anteontem, página A2). O relatório do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime é a prova da falência de décadas de políticas equivocadas, baseadas em convenções velhas e ainda vigentes (de 1961 e 1988). Essas convenções seguiram a linha política da guerra às drogas, criminalizante, proibicionista e militarizada. Vários países (Canadá, Holanda, Suíça, Portugal, Austrália) já adotaram a tese da repatriação, ou seja, construíram suas políticas progressistas deixando de lado o conservadorismo das convenções. O relatório é uma propaganda enganosa de que as convenções funcionam. A própria agência da ONU "passa o pires" para conseguir doações a fim de sustentar programas em que ninguém mais acredita. E vive uma crise de desmandos internos, denunciados pelo diplomata Samuel González-Ruiz, que renunciou afirmando não ter estômago "para enfrentar a criminalidade quando a agência tolera violações, até criminais".
Wálter Fanganiello Maierovitch, ex-secretário nacional Antidrogas e juiz do Tribunal de Alçada Criminal (São Paulo, SP)

Governo Lula
"Que cara-de-pau! O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, na Folha de ontem ("Tendências/Debates", página A3), propõe um "modelo novo" criticando a política econômica do governo Lula, que luta corajosamente para minimizar o trauma da herança que PSDB e PFL legaram. Como no Nordeste ainda é época de são João, pergunto: "onde é que tu tava, onde é que tava tu" que não propôs ao seu vice-presidente, durante o governo de Fernando Henrique, cobrar mudanças, como tem feito José Alencar?"
Miguel R. Medeiros (Recife, PE)

 

"Quero enaltecer o mais uma vez brilhante artigo de Josias de Souza (Brasil, pág. A17 de ontem), que, de forma clara e direta, toca na ferida em que esse governo dito dos trabalhadores se recusa a tocar: a sonegação fiscal. No lugar de brigar por um "mínimo" mínimo e enxugar o orçamento da área social, o sr. Lula deveria mirar seus esforços no combate a esse mal -que, "curiosamente", passa incólume de gestão a gestão e cujos recursos se prestariam a resolver muitos dos relevantes problemas com que esse governo se comprometeu, mas ignora, em prol de interesses menos nobres."
Roberto Simões Vivacqua de Medeiros (Rio de Janeiro, RJ)

Eleições municipais
"Na Primeira Página da Folha de ontem, lemos uma declaração de Marta Suplicy: "Vamos derrotar os vampiros do passado". Por que a prefeita, com toda a sua influência no PT, não começa "matando" os atuais vampiros?"
Davi Augusto Barrichello (Piracicaba, SP)

Dez anos de Plano Real
"Muito bom o caderno Dinheiro de ontem sobre os dez anos do Plano Real, implantado no governo do presidente Itamar Franco. A propósito, tentaram saber sua opinião? Sua participação nesse processo que beneficiou o país foi, mais que importante, indispensável."
Élzio do Espírito Santo Oliveira (Florianópolis, SC)

Evangélicos
"Leitor da Folha há décadas e assinante há nove anos, não é a primeira vez que constato a má vontade com que eventos evangélicos são noticiados nesse jornal. Recentemente, uma parada gay mereceu generosa inserção na Primeira Página, com foto, naturalmente, colorida. Na edição de ontem, a concorrida caminhada evangélica de anteontem em São Paulo só "conseguiu" registro na quarta página de Cotidiano, com foto em preto-e-branco, sem uma chamada, por menor que fosse, na capa. Qual é o critério adotado para hierarquizar as notícias nesse conceituado órgão de imprensa? Será que a ordeira e progressista comunidade evangélica nacional, com cerca de 30 milhões de pessoas, não merece maior e melhor atenção da Folha?"
Josué Sylvestre (Curitiba, PR)

Greve nas universidades
"Fico triste com o fato de a Folha, um jornal que por muito tempo se mostrou progressista, assumir a defesa do governo Alckmin em vez de defender a sociedade. O modo como o jornal cobre a greve nas universidades públicas estaduais não é digno de um veículo tão antigo e importante. Em nenhum momento houve a preocupação de transmitir ao público a gama geral de motivos da greve, a atual situação dessas universidades e para o que elas estão caminhando. Na edição de anteontem, apesar da foto na capa, o texto interno foi pequeno e optou por mostrar a "bagunça" feita pelos manifestantes, sem explicar seu porquê. Espero que a Folha mude e volte a noticiar os fatos de forma a esclarecer imparcialmente a população."
Waldir Lisboa Rocha Filho (São Paulo, SP)

Cotas raciais
"Li estarrecido o título do caderno Mais! de ontem, "Cotas da discórdia: o risco da reserva de vagas nas universidades do Brasil". Ele distorce o título do artigo "Mestiçagem fora de lugar", do antropólogo Hermano Vianna, talvez devido ao afã de fazer propaganda contrária a politicas afirmativas baseadas na cor. A questão da valorização da mestiçagem, levantada por Vianna, não colide com a política de cotas. Só que a sociedade hipócrita que diz que o Brasil é mestiço trata o mulato tão mal como trata o negro, como dezenas de estatísticas já comprovaram. Infelizmente, se não tivermos políticas sensíveis à cor e ficarmos no liberalismo pseudo-igualitário, não obteremos a verdadeira igualdade."
Marcelo Henrique Romano Tragtenberg (Florianópolis, SC)

Propaganda
"Tenho observado nos últimos meses um crescimento assustador na quantidade de placas irregulares de propaganda de empreendimentos imobiliários de várias construtoras por toda a cidade de São Paulo, particularmente na região do Morumbi. Em total desrespeito à lei municipal nš 13.525, artigo 11, e a incontáveis outros artigos e leis, construtoras e imobiliárias têm espalhado uma enxurrada de placas de todas as formas e cores, emporcalhando o já poluído visual da cidade e causando problemas de segurança no tráfego de automóveis, pois elas dificultam a visibilidade dos motoristas. A prefeitura e as subprefeituras, em vez de multar os responsáveis, recolher e destruir as placas irregulares, fazem vista grossa ao problema, incentivando seu crescimento. Eu mesmo já cansei de telefonar e enviar e-mails sem nunca ter visto nenhuma ação da prefeitura. No domingo passado, presenciei uma batida entre dois automóveis causada pela pouca visibilidade que as placas propiciam."
Antonio Roberto Testa (São Paulo, SP)

Aeroportos
"A situação dos aeroportos do Brasil e do mundo todo está cada vez mais próxima do colapso. Como usuário, por onde passo vejo aeroportos antiqüíssimos, mal aparelhados, superlotados, confusos e com pistas projetadas para biplanos, que são um perigo para as enormes aeronaves que, em número crescente, formam "filas" nos céus para pousar. Somem-se a isso as favelas e os populosos bairros nas cabeceiras de cada aeroporto e se tem a receita para a tragédia."
Ricardo Toledo de Oliveira e Souza (São Paulo, SP)


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