São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Política e humilhação

BRASÍLIA - Não é novidade dizer que o Democratas (ex-Arena, ex-PDS e ex-PFL) é um partido em decadência. Chegou a 105 deputados na era FHC, contente em ser linha auxiliar do PSDB. Tinha cargos e a Vice-Presidência. Hoje amarga 56 cadeiras na Câmara e acaba de ser humilhado pelos tucanos.
O PSDB escolheu o senador tucano Álvaro Dias (PR) para ser o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por José Serra. Poucos demistas foram avisados da decisão com antecedência. Pior. Coube a Roberto Jefferson (PTB), deputado cassado por causa do escândalo do mensalão, anunciar o fato. O DEM reagiu de forma vitriólica.
Líderes demistas foram a público mostrar indignação. Ameaçaram romper a aliança nacional com o PSDB. A repulsa durou pouco mais de 48 horas. Ontem, a direção do DEM fez um recuo tático. Resolveu interromper as críticas públicas.
O maior partido de centro-direita do Brasil viu-se diante de uma bifurcação. De um lado, o opróbrio, a vergonha. A legenda foi preterida. Os tucanos deram um recado: nenhum dos 56 deputados ou 14 senadores do DEM serve para ser candidato a vice-presidente de José Serra. A sigla não seria limpa o suficiente para estar numa chapa tucana. Mas, ainda assim, terá de dar seus preciosos minutos na TV e no rádio -e ajudar anonimamente o PSDB a voltar ao Planalto.
O outro caminho nessa bifurcação é o DEM dar um grito de liberdade. A sigla se mantém neutra. Assim, seu tempo de propaganda eleitoral é dividido proporcionalmente entre quem permanece na disputa. Nessa hipótese, Dilma Rousseff (PT) herda 60% dos minutos demistas no rádio e na TV.
Esse é o dilema do DEM: 1) buscar uma posição independente (e acabar ajudando o PT de forma indireta) ou 2) aceitar bovinamente a humilhação imposta pelo PSDB. A decisão precisa ser tomada nesta semana. Façam suas apostas.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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