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A CIMEIRA E O CRESCIMENTO
Têm parecido muito vagos e frustrantes os termos já delineados de
acordos e declarações que serão firmados na cúpula entre América Latina e União Européia; entre os europeus e o Mercosul. Aponta-se o aparente descaso dos EUA com a reunião como sinal de que as negociações do Rio seriam pouco relevantes.
O fato de a UE ter colocado poucas
cartas na mesa da Cimeira, preferindo discutir a sério seus acintosos
subsídios apenas na OMC, representaria mais um sinal de que as conversações tenderiam a ser infrutíferas.
Mas, como indicam reportagens de
hoje desta Folha, a crítica da voracidade aberturista norte-americana ou
da esperta avareza protecionista européia pode ser uma fachada para o
vácuo de posições brasileiras na área
comercial e do desenvolvimento.
O que parece pouco claro neste momento é que o Brasil já está entabulando as linhas principais das negociações bilaterais com a União Européia e, o que é grave, não sabe bem
que contrapartidas oferecer. Quais
setores o Brasil se dispõe a abrir? A
proteger, de maneira competitiva?
Tais questões não podem ser respondidas sem que o país disponha de
um projeto de desenvolvimento. Isto
é, políticas de incremento industrial
e tecnológico, sobre como atingir
um volume de exportações e importações compatível com taxas de crescimento decentes e com a sustentabilidade do sempre instável balanço de
pagamentos nacional. Hoje, há o forte risco de um impulso de crescimento ser abortado pelo desequilíbrio
comercial, o que jogaria novamente o
país na angústia de depender demais
de empréstimos internacionais para
fechar suas contas.
Não é pouco o que se começa a decidir com a cúpula do Rio de Janeiro.
Mais uma vez o país está diante de
opções que devem definir suas possibilidades de crescimento, o futuro e
as chances de desenvolvimento autônomo. Nesta década, o país já errou
duas vezes ao tomar decisões a respeito da inserção internacional de
sua economia: foi passivo, precipitado, não tinha projeto. É mais que hora de ter amadurecido.
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