|
Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Prova financeira
Resultado satisfatório do "teste de estresse" a que foram submetidos bancos europeus contribui para aliviar cenário internacional
Desde que cresceram os temores acerca da insolvência fiscal de
alguns países do bloco, a União
Europeia tem trabalhado para reparar falhas institucionais que
contribuem para enfraquecer a
moeda única. Uma delas é a inexistência de um mecanismo de
transferências fiscais entre países
para reduzir os impactos da recessão e do desemprego nas economias mais fragilizadas.
Como um orçamento federativo
não é viável em termos políticos, a
saída emergencial foi criar um
fundo de estabilização de € 500 bilhões, que pode ser utilizado pelos
países-membros sob certas condições. Foi um primeiro passo para
assegurar a credibilidade do euro.
Outro, também importante, foi
dado na semana passada, com a
publicação dos resultados do chamado "teste de estresse" aplicado
pela UE em seus bancos.
O objetivo do teste era aumentar a transparência e verificar se as
instituições financeiras teriam capital suficiente para fazer frente a
perdas significativas de crédito,
em especial em países com problemas de excesso de alavancagem financeira, como a Espanha.
O exercício "estressou" os balanços patrimoniais de 91 bancos,
responsáveis por 65% dos ativos
bancários da região. Para fazer o
"stress test", a autoridade regulatória europeia simulou situações
recessivas para 2010 e 2011, projetando acentuada queda de preços
de imóveis e de outros ativos financeiros. Além disso, estimou
perdas com empréstimos a governos -embora neste caso os cenários e a abrangência do teste tenham sido considerados tímidos
por muitos analistas.
O resultado da prova pode ser
considerado satisfatório. O principal foco de preocupação, a Espanha, foi o país para o qual as autoridades do bloco criaram situações mais extremas. Foram consideradas quedas de preços de imóveis de até 50%, por exemplo.
Mesmo assim, a necessidade de
capital do sistema bancário se revelou reduzida, levando-se em
conta os aportes de fundos públicos já realizados e as fusões de
bancos que estão em andamento.
No geral, a carência de recursos
identificada foi de 3,5 bilhões
-muito aquém do que alguns economistas esperavam. Exercícios
ainda mais conservadores realizados pelo setor privado acusaram
falta de capital inferior a 100 bilhões, valor modesto em relação à
economia europeia, cujo PIB gira
em torno de € 12 trilhões.
Além da boa notícia da UE, outros avanços recentes se verificaram no plano internacional. Nos
EUA, o presidente Barack Obama
sancionou a reforma financeira,
pondo fim a um longo período de
indefinição. E, no âmbito multilateral, o Comitê da Basileia chegou
nesta semana a um acordo básico
sobre os critérios de capital e liquidez a serem utilizados pelos bancos globais, depois de meses de
negociação.
Em ambos os casos, chegou-se
a uma espécie de meio-termo entre a difícil tarefa de aumentar a
exigência de capital dos bancos
para reduzir o risco de crise e, ao
mesmo tempo, evitar que regras
agressivas demais comprometessem a recuperação econômica.
Próximo Texto: Editoriais: Ler sem entender
Índice
|