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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Saúde e
bem comum
Nosso povo precisa ser mais bem
atendido para conservar e para
recuperar sua saúde. Estão entre as
graves deficiências de nosso país a situação de desnutrição e as doenças.
Há indicadores que chamam a atenção para a urgência de um esforço
conjunto do governo e das forças vivas da sociedade para garantir a saúde
especialmente dos milhões de empobrecidos.
A constatação mais chocante é a da
fome e a insuficiente alimentação que
atinge, de modo quase insanável, as
crianças nos primeiros anos de vida,
acarretando deficiências físicas e mentais e a mortalidade infantil. À desnutrição somam-se a falta de saneamento básico e de tratamento da água.
O atendimento às doenças e acidentes é muito precário, particularmente
nas cidades do interior, onde faltam os
serviços de alta complexidade, o que
obriga os pacientes a longos percursos
em ambulância para alcançarem hospitais com UTI e tratamento especializado. Ontem mesmo, de madrugada,
voltava de Belo Horizonte para Mariana uma senhora idosa que viajou durante horas a fim de conseguir uma
vaga que lhe permitisse a tomografia e
a internação para salvar a vida. Os remédios são caros e nem sempre a receita é adequada.
Esses fatos são conhecidos, e precisamos reconhecer que tem havido esforços louváveis para enfrentar os desafios da saúde do povo. Cresceu o
empenho para prevenir as doenças infantis com postos de saúde, vacinação,
creches e casas de acolhida para portadores de deficiência. É notável o trabalho em âmbito nacional da Pastoral da
Criança, que, em poucos anos, implantou um sistema dos mais eficientes do mundo em defesa e em promoção da saúde e da educação da criança,
desde o ventre materno até os seis
anos de idade, envolvendo a família e
a comunidade. Um verdadeiro exército de líderes comunitários conseguiu
frear a mortalidade infantil e salvar
milhões de vida.
O sistema hospitalar ainda é insuficiente. Há, sem dúvida, empenho do
governo e idealismo da parte de médicos e enfermeiros, no entanto faltam
hospitais nas áreas de maior densidade de população pobre, tanto nas capitais como no interior. Médicos sentem-se limitados, sem instrumentos e
sem remédios necessários. Prolonga-se muito a espera para exames e cirurgias pelo SUS. O conjunto dos serviços
mantido pelo SUS não alcançou ainda
a retribuição justa, multiplicando o recurso a pagamento direto ao médico,
onerando demais as famílias pobres.
O momento político de eleições municipais é promissor, pois abre perspectivas para melhor programação e
financiamento dos serviços de saúde,
seja na medicina preventiva, seja no
sistema de internação hospitalar.
O dever de todo cidadão em vista do
bem comum requer, como exigência
básica, a promoção da saúde, a começar da elaboração de lei orgânica que
garanta a nutrição do povo.
Os cristãos, a exemplo de Jesus Cristo, devem empenhar-se ainda mais
para assegurar aos enfermos o serviço
inspirado pelo amor fraterno.
Esse compromisso evangélico obriga-nos, além da solicitude individual
pelo doente, ao zelo pelas leis e políticas públicas que promovam a vida e a
saúde do povo.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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