|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OS CATÓLICOS E O PAPA
Às vésperas da visita do papa João
Paulo 2º ao Brasil, pesquisa Datafolha com católicos praticantes de São
Paulo e Rio de Janeiro oferece dados
para analisar algumas das dificuldades recentes nas relações entre a
Igreja Católica e seus fiéis.
No âmbito da prática religiosa,
acentua-se a tendência de reorganização dos católicos em grupos que,
não sendo dissidências do Vaticano,
têm novos líderes e rituais. A maioria
dos entrevistados ainda crê nos dogmas básicos, mas 74% deles não
aceitam a infalibilidade papal, 62%
dizem ser contra o celibato e 64% defendem que a instituição se renove.
No terreno temporal, vai-se definindo um distanciamento entre as
normas das encíclicas e os comportamentos ditados pela consciência,
seguida por 68% dos entrevistados.
Embora boa parte deles ainda se declare contrária ao aborto, à união entre homossexuais e à legalização da
maconha, maiorias expressivas manifestaram-se a favor do uso dos preservativos (96% para evitar a Aids,
90% para evitar a gravidez).
O progressismo iniciado a partir do
Concílio Vaticano 2º e defendido pela Teologia da Libertação vem-se enfraquecendo. As questões coletivas
não suscitam mais o mesmo interesse entre os fiéis. E a visita ao Rio, onde se encontra uma das alas mais
conservadoras do clero, que defende
uma igreja centrada na hierarquia e
distante da política, parece reforçar a
tendência ao conservadorismo moral. Isso num momento em que a
igreja mostra pouca sintonia com demandas individuais, cada vez mais
práticas e imediatistas, de boa parte
dos fiéis, as quais têm conduzido
muitos deles a novos cultos.
Ao que tudo indica, em sua visita ao
Brasil, o papa João Paulo 2º vai estar
próximo de um rebanho em busca de
novas respostas.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|