São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997.



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Os 15 minutos de Ciro?

CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Na sexta-feira, você ligava no "Bom Dia, Brasil" (Rede Globo) e quem estava lá? Ciro Gomes. Sintonizava Bóris Casoy (Record) e quem estava lá? Ciro Gomes. Passava para Paulo Henrique Amorim (Band) e quem estava lá? Ciro Gomes.
Por que diabos atrai tantos holofotes um rapaz que diz ter uma pesquisa que mostra que 58% dos brasileiros nem sequer sabem de quem se trata?
Se fossem só os jornais a falar dele, vá lá. Os jornais são feitos mesmo para uma platéia relativamente pequena, têm uma queda pela política maior do que a dos telejornais e, ainda por cima, a política brasileira anda pobre de emoções. Conceder a Ciro seus 15 minutos (ou 15 dias) de fama ajuda a criar emoções.
Se gostasse da teoria conspiratória da história, juraria que é uma conspiração das elites para fixar dois candidatos do gosto delas (Fernando Henrique Cardoso e Ciro Gomes), diminuindo o espaço para o fantasma Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mas não gosto dessa teoria e, nesse caso específico, a suposta conspiração nem faz sentido: se Ciro Gomes for mesmo candidato e decolar, tende a tirar mais votos de FHC do que de Lula. Pode até provocar um segundo turno, sempre angustiante para as elites.
Pode ser apenas um factóide, criado pelo jornalismo e não pelo próprio Ciro. Jornalista gosta de Fla-Flu, casa lotada, resultado incerto. Do jeito que vinha se desenhando o favoritismo de FHC, o jogo em 1998 parecia caminhar mais para seleção brasileira versus reservas da Venezuela.
Ou, então, os ainda difusos descontentamentos com o governo federal estão se materializando na figura de Ciro (o descontentamento mais localizado encarna em Lula, desde sempre).
Seja como for, Ciro entra em campo (ou tenta) com uma proposta, que já foi comentada neste espaço quatro meses atrás.
Goste-se ou não dela, é um bom começo, embora possa não passar jamais desse ponto.






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