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O PSB foi para o beleléu
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - A partir de agora, Ciro Gomes vai ter de suar dobrado para viabilizar sua candidatura à Presidência
da República.
Pelo PSB, teria alguma chance de
agregar boa parte da esquerda e formar uma frente contra o favorito Fernando Henrique Cardoso.
Mas pelo PPS? Como, se o partido é
visto com desconfiança pelo PT, PDT,
PC do B, parcela do PSB e nem sequer
participa das reuniões da oposição?
Se continuar isolado, o partido do
senador Roberto Freire vai ter menos
de um minuto no preciosíssimo horário gratuito na TV. Depois do "meu
nome é Enéas", entraria no ar o "meu
nome é Ciro".
A pretensão original de criar um novo partido a tempo de concorrer em
1998 já era. Há dois meses seus articuladores sabiam que o prazo havia estourado.
O deputado Fernando Lyra
(PSB-PE), um entusiasta da candidatura de Ciro desde o início, lamenta:
"O Ciro perdeu um pouco, mas quem
perdeu mesmo foi o PSB".
Se continuar forçando um espaço na
mídia e mantendo um discurso agressivo, Ciro pode se destacar nas pesquisas e ainda se impor como opção de
uma frente, por gravidade.
Nesse caso, pouco vai importar se é
do PPS, do PSB ou de qualquer outra
sigla. Ele é que vai puxar o processo.
"O Ciro tem de ser tratado como
aliado, não como adversário", diz o
deputado José Genoíno Neto (PT-SP),
sugerindo até que ele venha a ser um
eventual candidato a vice na chapa
das oposições.
Já o PSB jogou fora sua grande
chance de ter um cabeça de chapa para a eleição presidencial, capitaneando uma fila de partidos. Não ganhou
as adesões que poderia ter ganhado. E
perdeu o espaço que vinha tendo na
imprensa.
Com Ciro restrito por enquanto ao
PPS e Itamar disputando um espaço
incerto num partido incerto como o
PMDB, quem leva a melhor no primeiro lance das oposições é o velho Lula
de sempre.
Mas um lance é um lance. Como o
próprio Lula diz em entrevista à Folha, ainda tem muito jogo pela frente.
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