São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997.



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O PSB foi para o beleléu

ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - A partir de agora, Ciro Gomes vai ter de suar dobrado para viabilizar sua candidatura à Presidência da República.
Pelo PSB, teria alguma chance de agregar boa parte da esquerda e formar uma frente contra o favorito Fernando Henrique Cardoso.
Mas pelo PPS? Como, se o partido é visto com desconfiança pelo PT, PDT, PC do B, parcela do PSB e nem sequer participa das reuniões da oposição?
Se continuar isolado, o partido do senador Roberto Freire vai ter menos de um minuto no preciosíssimo horário gratuito na TV. Depois do "meu nome é Enéas", entraria no ar o "meu nome é Ciro".
A pretensão original de criar um novo partido a tempo de concorrer em 1998 já era. Há dois meses seus articuladores sabiam que o prazo havia estourado.
O deputado Fernando Lyra (PSB-PE), um entusiasta da candidatura de Ciro desde o início, lamenta: "O Ciro perdeu um pouco, mas quem perdeu mesmo foi o PSB".
Se continuar forçando um espaço na mídia e mantendo um discurso agressivo, Ciro pode se destacar nas pesquisas e ainda se impor como opção de uma frente, por gravidade.
Nesse caso, pouco vai importar se é do PPS, do PSB ou de qualquer outra sigla. Ele é que vai puxar o processo.
"O Ciro tem de ser tratado como aliado, não como adversário", diz o deputado José Genoíno Neto (PT-SP), sugerindo até que ele venha a ser um eventual candidato a vice na chapa das oposições.
Já o PSB jogou fora sua grande chance de ter um cabeça de chapa para a eleição presidencial, capitaneando uma fila de partidos. Não ganhou as adesões que poderia ter ganhado. E perdeu o espaço que vinha tendo na imprensa.
Com Ciro restrito por enquanto ao PPS e Itamar disputando um espaço incerto num partido incerto como o PMDB, quem leva a melhor no primeiro lance das oposições é o velho Lula de sempre.
Mas um lance é um lance. Como o próprio Lula diz em entrevista à Folha, ainda tem muito jogo pela frente.





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