São Paulo, segunda-feira, 28 de setembro de 2009

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Editoriais

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Lula, o filme

DEPOIS de Hugo Chávez ter se tornado personagem de cinema, com o lançamento, em Veneza, de um apologético documentário dirigido pelo norte-americano Oliver Stone, agora é a vez de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfilar pelo tapete vermelho. E, pelo visto, com amplo apoio promocional da máquina governista e de organizações empresariais e sindicais que gravitam em torno dela.
Os responsáveis pela cinebiografia "Lula, o Filho do Brasil" já entraram em contato com as duas principais centrais sindicais do país, CUT e Força, para que facilitem a divulgação do filme entre o público de baixa renda. Segundo o produtor, essa seria uma preocupação manifestada pelo próprio presidente Lula.
A ideia é que centrais e grandes empresas sobre as quais o governo tem poder de influência participem elas mesmas da compra antecipada de bilhetes, que seriam depois distribuídos ou vendidos a preços acessíveis. Distribuído com recursos levantados por estruturas subservientes ao governo, o filme candidata-se a campeão de bilheteria.
Não se trata de atacar o notável senso de oportunidade dos criadores da obra -que tem estreia prevista para o início do ano eleitoral de 2010. Mas toda essa operação, no que tem de promíscua e autopromocional, ilustra a faceta estado-novista do lulismo. Com a agravante de que agora os laços entre sindicatos e Estado foram estreitados com a extensão do alcance do imposto sindical. Sindicatos que outrora denunciavam "pelegos" e pediam independência consolidaram-se como aparelhos estatais.
Para o biografado e os produtores há, no entanto, uma dificuldade a vencer: mais de 90% dos municípios brasileiros não têm sala de cinema. Não por acaso, já há movimentações para uma versão televisiva do filme. A minissérie do presidente.


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