São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

A paz traz liberdade e desenvolvimento

SÉRGIO CABRAL


Sem resolvermos a questão da segurança, reduzindo os índices de criminalidade, não é possível melhorarmos a educação do nosso povo


No ano de 2006, a crise da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro atingiu o seu grau máximo.
Os índices de criminalidade não paravam de subir, assim como cresciam em extensão e número as áreas em comunidades carentes controladas pela criminalidade.
A população vivia coagida pelo poder paralelo, o que contribuía para o esvaziamento econômico do Estado. Havia uma sensação de que o Rio "não tinha mais jeito".
A primeira providência do nosso governo em 2007 foi restaurar o poder do Estado e a credibilidade da Secretaria de Segurança.
Ao secretário Beltrame foi dada total autonomia, incluindo a nomeação dos comandantes de batalhões e titulares de delegacias e a realização de promoções. Pela primeira vez em 30 anos, políticos deixaram de exercer influência na área de segurança no Rio.
Fizemos a transferência dos principais chefões do tráfico para presídios federais localizados em outros Estados, decisão inédita no Rio, tomada mesmo contra a advertência de alguns de que poderia haver reação do tráfico nas ruas.
Investimos na melhoria da gestão da segurança, com a definição de objetivos claros e dos meios necessários para que fossem atingidos. Eram dois os principais objetivos: reconquistar gradualmente as áreas sob o domínio do tráfico e melhorar os índices de criminalidade no Estado inteiro.
Criamos o projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). A ideia era entrar com as forças tradicionais de segurança na comunidade sob o poder de traficantes e, uma vez obtida a pacificação da área, ocupá-la com uma unidade nova de polícia, composta apenas de policiais recém-ingressos na corporação, formados com uma mentalidade de policiamento comunitário.
Fizemos uma primeira experiência no morro Dona Marta, cujo êxito levou a que fosse replicada em diversas comunidades, abrangendo até hoje um universo de mais de 200 mil pessoas libertadas diretamente do poder do tráfico e de mais de 1 milhão nos bairros vizinhos.
Era preciso investir na gestão da segurança e criar um programa que reduzisse os índices de criminalidade em todo o Estado. Com a consultoria do INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial), do professor Vicente Falconi, instituímos no Rio de Janeiro um sistema de metas para os agentes de segurança.
O Estado foi dividido em regiões integradas de segurança pública (Risps), compostas por batalhões e delegacias de polícia.
Para cada área foram estabelecidas metas de redução dos principais crimes (homicídios, latrocínios, roubo de veículos e roubo de rua), avaliadas a cada semestre.
Todos os policiais das áreas que atingem as metas recebem ao fim do semestre um prêmio em dinheiro. Com o programa, reduzimos drasticamente os índices em todo o Estado.
Sem resolvermos a questão da segurança, reconquistando territórios e reduzindo os índices de criminalidade a níveis aceitáveis, não é possível melhorarmos a educação do nosso povo e obtermos desenvolvimento econômico, mediante a atração de investimentos e a criação de empregos para a população.
A paz é sinônimo de liberdade e desenvolvimento. Sem ela, tudo o mais perde o sentido.


SÉRGIO CABRAL FILHO, 47, jornalista, é governador do Estado do Rio de Janeiro e candidato, pelo PMDB, à reeleição.

A Folha também convidou o deputado federal Fernando Gabeira (PV), candidato ao governo do Rio de Janeiro, a escrever um artigo. O candidato recusou o convite, em razão de compromissos de fim de campanha do primeiro turno.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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