São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2001

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PAINEL DO LEITOR


Está difícil
"Sou leitor da Folha desde 1974. Um outro leitor levantou, no dia 24/10, a questão da tendência dos colunistas da Folha nos comentários aos atentados terroristas de 11 de setembro, a resposta americana etc. Tendo a concordar com ele: a Folha se tornou um jornal dos jornalistas (de alguns deles), não um órgão de informação. Todos os colunistas políticos diários da Folha, que escrevem na pág. 2, e Janio de Freitas são pessoas de esquerda. Mesmo Gaspari é de esquerda, apesar de mais para o centro, social-democrata. Há apenas um comentarista diário neutro, e escreve no caderno Dinheiro, Nassif. Mas não chega a ser conservador. Há colunistas semanais conservadores, como Delfim Netto e Antônio Ermírio. O jornal pode ter uma linha editorial de esquerda, sem problema. Mas a questão é que aqueles que deveriam estar analisando as notícias diariamente são praticamente todos de esquerda. No tangente ao terrorismo e aos EUA, isso está claro. Outra coisa: todos, sem exceção, criticam continuamente o governo. Mesmo Clóvis Rossi, que tenta dar um ar mais eclético à sua coluna, só fala mal do governo. Janio de Freitas é um caso patológico, beira a histeria. Cony ainda tem seus momentos mais literários, mas no restante também só desanca o governo. Há algo errado com isso. Um jornal que se pretende um órgão de informação precisa ter um posição mais eclética dos seus comentaristas diários. Também deve reservar sua linha política editorial para o espaço editorial, e não estender isso ao texto de todos os colunistas (na verdade, os editoriais são mais de centro do que os comentários diários). O Brasil, neste momento importante, em que estamos prestes a escolher um novo presidente, precisa ser mais bem servido em termos jornalísticos. Não é possível ler todos os jornais, e tenho apreço pela Folha. Só que está cada vez mais difícil lê-la diariamente sem sentir um certo mal-estar."
Renato Pedrosa (Campinas, SP)


Guerra
"Muito pouco do que se escreveu e disse até agora explica tão bem a guerra do presidente Bush, o filho, como a foto da primeira página na edição de 26/10 (co-piloto fantasiado de guerreiro viking). Lembram-se da cara de satisfação do caubói texano cavalgando a bomba atômica disparada de seu avião no filme "Doutor Fantástico" do genial e saudoso Kubrick?"
Antonio Maldonado Baena (Uberlândia, MG)

"A guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo transformou-se no que de pior poderia acontecer: uma guerra bacteriológica. Diferente de todas as guerras anteriores, essa nova guerra não é feita de soldados, mas de bactérias, invisíveis, que chegam por meio de cartas"
Mário Annuza (Rio de Janeiro, RJ)

"Que absurdo! Os terroristas destruíram prédios, aviões e vidas de inocentes nos EUA. Só mesmo um Estado governado por radicais fundamentalistas para abrigar e esconder o terrorista saudita Osama bin Laden. Os talebans já foram longe demais. O mundo moderno não comporta mais autoritarismo antidemocrático, regimes de governos intolerantes e discriminatórios com as mulheres ou com outras religiões. Com as expulsões e prisões dos talebans e terroristas do Afeganistão, o povo afegão florescerá e viverá melhor."
Hamilton Menezes Neves (São Paulo, SP)


Competição
"A guerra fiscal é tão comum como respirar, entre os Estados nos EUA e na Alemanha. A única maneira de desenvolver um país é seus Estados competirem entre si, assim como as empresas, os bancos etc. O governador Alckmin aciona o STF contra o Paraná e outros Estados. Deveria, isto sim, acionar o STF contra os burocratas de Brasília que só pensam em arrecadar para garantir seus gordos salários. Para que serve o Ministério da Integração Nacional? Para pendurar um político, ou seu amigo, no cabide de emprego?"
Lotar Kaestner (Curitiba, PR)


João Mãozinha
"Não vi o filme "Barra 68", do Vladimir Carvalho da Silva -contratado por mim para a UnB. Relutante, porque o conheço bem, concordei em ser por ele entrevistado a pedido do Rubem Azevedo Lima. Para demonstrar ser isento, prometeu-me uma cópia do filme e, a julgar pelas duas matérias que este jornal dedicou ao filme e ao autor ("Diretor busca impacto em batalha real" e "Jean Manzon de esquerda", Ilustrada, pág. E5, 26/10), constato que o Vladimir surrupiou trechos do que eu disse e que cassou minha palavra. Pouco importa; mais importa é saber que, à época da invasão da UnB, eu ainda não estava na reitoria e nada sei sobre esse assunto. Além disso, a demissão de professores na UnB não foi em 1968, foi em 1964. O filme é faccioso porque não ouviu quem participou desse episódio, entre outros o ilustre deputado Luís Clerot, advogado de todos os presos políticos e cassados daquela época. Para mostrar serviço à ala burra da esquerda à qual está filiado, esse cineasta João Mãozinha quer reescrever a história. É inútil."
José Carlos Azevedo, ex-reitor da UnB (Brasília, DF)


Mordomias
"Em vez de tomar atitudes concretas para educar e dar saúde ao nosso povo, a elite política brasileira vive apenas de vãs (e neoliberais) filosofias. Seus filhos estudam nas melhores escolas privadas e, quando nossos políticos têm problemas de saúde, eles pulam a fila e têm atendimento vip nos melhores hospitais públicos. Se tivessem que enfrentar as filas do SUS e seus filhos o ensino fundamental público, a elite política brasileira pensaria de forma diferente..."
José Ricardo Fontes Laranjeira (Botucatu, SP)


Candidato
"Informo aos leitores que sou candidato à Presidência da República. A única coisa que exijo: ficar uns dez anos sem trabalhar, como o Lula e o Ciro Gomes. Para tanto, detenho um pré-requisito: estou desempregado. Quero conhecer o Brasil inteiro e conversar. Quero percorrer o mundo, abraçar personalidades e conversar. Incluo mais uma uma exigência: preciso de 15 dias em Paris para atualizar meus contatos sindicais. Mais duas duas coisas: incluam-me naqueles US$ 42 milhões do 13º salário, retroativo a 1999, é claro. Como candidato sofre!"
Vilson Nava (Campinas, SP)



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