|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESSÃO NO IRAQUE
A violência no Iraque parece
longe de estar controlada. Os
últimos dias foram particularmente
sangrentos, com o ataque ao hotel
Rashid, em Bagdá, no qual se hospedava o subsecretário americano da
Defesa, Paul Wolfowitz, seguido de
múltiplas ações contra delegacias de
polícia e a sede da Cruz Vermelha.
Houve várias dezenas de mortes.
Em teoria, é até possível, como
quer o presidente George W. Bush,
que o recrudescimento da violência
seja sintoma do desespero das forças
anti-EUA diante dos progressos da
coalizão no país. Só que Bush não
ofereceu fatos a comprovar sua tese.
Apoiou-a apenas em palavras e análises algo primárias do que se passa no
país invadido. Com efeito, é inquietante constatar que, para o presidente da nação mais poderosa do planeta, o problema dos que combatem a
presença americana no Iraque é que
"eles não suportam a idéia de uma
sociedade livre. Eles odeiam a liberdade. Eles amam o terror. Eles adoram tentar criar medo e caos".
Em termos objetivos, a guerrilha
iraquiana só vem crescendo desde
que Bush decretou o fim das principais operações de combate quase sete meses atrás. Se é verdade que as
tropas americanas obtiveram progressos na contenção de saques e organizaram um pouco a vida civil no
país, também é forçoso reconhecer
que os ataques da resistência cresceram em número e em complexidade.
Os indícios são, portanto, os de que
os guerrilheiros estão se organizando, e não se dispersando.
E vale notar que os terroristas não
têm visado unicamente as tropas
ocupantes, mas também iraquianos
que estejam "colaborando" com os
EUA, como é o caso de policiais. A
idéia é levar a população, se não a
agir contra os norte-americanos, pelo menos a evitá-los.
O mais grave é que essa situação
conflituosa pode se prolongar por
um período indefinido. O tempo,
evidentemente, não atua em favor de
Washington, que hoje gasta cerca de
US$ 1 bilhão por semana para manter seu exército de ocupação de 130
mil homens no Iraque.
Texto Anterior: Editoriais: HORA DA REFORMA Próximo Texto: Editoriais: FUMAÇA FRANCESA Índice
|