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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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PRESSÃO NO IRAQUE

A violência no Iraque parece longe de estar controlada. Os últimos dias foram particularmente sangrentos, com o ataque ao hotel Rashid, em Bagdá, no qual se hospedava o subsecretário americano da Defesa, Paul Wolfowitz, seguido de múltiplas ações contra delegacias de polícia e a sede da Cruz Vermelha. Houve várias dezenas de mortes.
Em teoria, é até possível, como quer o presidente George W. Bush, que o recrudescimento da violência seja sintoma do desespero das forças anti-EUA diante dos progressos da coalizão no país. Só que Bush não ofereceu fatos a comprovar sua tese. Apoiou-a apenas em palavras e análises algo primárias do que se passa no país invadido. Com efeito, é inquietante constatar que, para o presidente da nação mais poderosa do planeta, o problema dos que combatem a presença americana no Iraque é que "eles não suportam a idéia de uma sociedade livre. Eles odeiam a liberdade. Eles amam o terror. Eles adoram tentar criar medo e caos".
Em termos objetivos, a guerrilha iraquiana só vem crescendo desde que Bush decretou o fim das principais operações de combate quase sete meses atrás. Se é verdade que as tropas americanas obtiveram progressos na contenção de saques e organizaram um pouco a vida civil no país, também é forçoso reconhecer que os ataques da resistência cresceram em número e em complexidade. Os indícios são, portanto, os de que os guerrilheiros estão se organizando, e não se dispersando.
E vale notar que os terroristas não têm visado unicamente as tropas ocupantes, mas também iraquianos que estejam "colaborando" com os EUA, como é o caso de policiais. A idéia é levar a população, se não a agir contra os norte-americanos, pelo menos a evitá-los.
O mais grave é que essa situação conflituosa pode se prolongar por um período indefinido. O tempo, evidentemente, não atua em favor de Washington, que hoje gasta cerca de US$ 1 bilhão por semana para manter seu exército de ocupação de 130 mil homens no Iraque.


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