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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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FUMAÇA FRANCESA

A Europa e a França em especial nunca foram terreno propício para algo semelhante à histeria antitabagista que tomou de assalto os EUA. Há na França cerca de 20 milhões de fumantes, o que representa pouco mais de um terço da população. E não se trata de um vício típico das velhas gerações. Pelo contrário, na faixa entre 15 e 24 anos, os tabagistas chegam a 50%, o maior índice de toda a União Européia.
É claro que toda essa fumaça começa a cobrar seu preço. Para desgosto do espírito gaulês, os franceses vão descobrindo que os norte-americanos, apesar de uma série de exageros, fundamentam-se em problemas reais de saúde pública. Só o câncer de pulmão, uma das várias doenças provocadas pelo hábito de fumar, custa a vida de 30 mil franceses todos os anos, quatro vezes mais do que os acidentes automobilísticos.
Os esforços das autoridades sanitárias para reduzir o fumo têm encontrado resposta tíbia na França: entre 1991 e 2001, o total de adultos fumantes baixou de 40% para 36%. Como os custos com o tratamento médico de fumantes não param de crescer (e são todos bancados pelo Estado), o governo resolveu radicalizar. Atendendo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, decidiu sobretaxar fortemente o tabaco. Em um período de 12 meses, os cigarros deverão sofrer um aumento de 50%.
Embora seja exagerado falar em revolta popular, houve protestos aos primeiros aumentos, em especial dos vendedores de cigarros, profissão que congrega 34 mil franceses. Eles chegaram ao paradoxo de organizar uma greve, que, obviamente, não foi por tempo indeterminado.
O tabaco é de fato um grave problema de saúde pública. Políticas como a de prevenir o uso e elevar a carga fiscal fazem todo o sentido.


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