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FUMAÇA FRANCESA
A Europa e a França em especial nunca foram terreno propício para algo semelhante à histeria
antitabagista que tomou de assalto
os EUA. Há na França cerca de 20 milhões de fumantes, o que representa
pouco mais de um terço da população. E não se trata de um vício típico
das velhas gerações. Pelo contrário,
na faixa entre 15 e 24 anos, os tabagistas chegam a 50%, o maior índice
de toda a União Européia.
É claro que toda essa fumaça começa a cobrar seu preço. Para desgosto
do espírito gaulês, os franceses vão
descobrindo que os norte-americanos, apesar de uma série de exageros, fundamentam-se em problemas
reais de saúde pública. Só o câncer de
pulmão, uma das várias doenças
provocadas pelo hábito de fumar,
custa a vida de 30 mil franceses todos
os anos, quatro vezes mais do que os
acidentes automobilísticos.
Os esforços das autoridades sanitárias para reduzir o fumo têm encontrado resposta tíbia na França: entre
1991 e 2001, o total de adultos fumantes baixou de 40% para 36%. Como
os custos com o tratamento médico
de fumantes não param de crescer (e
são todos bancados pelo Estado), o
governo resolveu radicalizar. Atendendo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, decidiu sobretaxar fortemente o tabaco. Em
um período de 12 meses, os cigarros
deverão sofrer um aumento de 50%.
Embora seja exagerado falar em revolta popular, houve protestos aos
primeiros aumentos, em especial
dos vendedores de cigarros, profissão que congrega 34 mil franceses.
Eles chegaram ao paradoxo de organizar uma greve, que, obviamente,
não foi por tempo indeterminado.
O tabaco é de fato um grave problema de saúde pública. Políticas como
a de prevenir o uso e elevar a carga
fiscal fazem todo o sentido.
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